"Como você se veste como uma casa de leilões?" soa como o tipo de pergunta pretensiosa que um chato "do mundo da arte" faria em um coquetel em Nova York. Mas também é uma pergunta real feita recentemente por duas pessoas perfeitamente simpáticas: Kristina O’Neill, chefe de mídia da Sotheby’s, e Erik Torstensson, cofundador e diretor criativo da Frame.
O’Neill, ex-editora-chefe da WSJ Magazine, ingressou na casa de leilões de 281 anos em 2024. Um de seus papéis principais? "Explorar como a Sotheby’s pode se envolver em conversas culturais mais amplas", ela diz à Vogue. "Somos incentivados a pensar de forma criativa e fora da caixa." Depois de brainstormings e testes de ideias, chegaram a um conceito: e se a Sotheby’s tivesse sua própria linha de moda? E como seria?
O’Neill lembrou a colaboração da Frame com o Ritz Paris, onde a marca traduziu a estética "Ritz Blue" do hotel em suéteres, moletons e camisas sociais. Ela entrou em contato com Torstensson—ele poderia fazer algo parecido para a Sotheby’s?
Um mood board tomou forma, inspirado em Richard Gere, Harrison Ford, os Hamptons, Fogueira das Vaidades e Wall Street. Em 4 de junho, a coleção Frame x Sotheby’s foi lançada oficialmente.
"Imaginamos uma mistura da elegância do Upper East Side com a irreverência preppy dos anos 1980", diz Torstensson à Vogue. A coleção inclui suéteres de argola, camisas Oxford, suéteres de tricô, lenços de bolso e blazers azul-marinho com forros estampados de martelo. Camisetas e totes trazem a palavra "colecionador" em letras destacadas.
"A alta moda aborda herança de um jeito que atrai gerações—desde colecionadores do uptown até nepo babies do downtown", acrescenta Torstensson.
Se tudo soa um pouco exagerado, é intencional. Torstensson foi atraído pela "decadência e atitude despreocupada de Manhattan nos anos 1980", onde yuppies e HENRYs (high earners, not rich yet) malhavam no New York Sports Club para exibir os tanquinhos nos Hamptons, onde jovens corretores (os Gordon Gekkos e Patrick Batemans da vida real) bebiam no The Four Seasons e festejavam no Tunnel, e onde mulheres ambiciosas como Tess McGill subiam na carreira com jaquetas de tweed e blazers de poder.
Então, o que liga os anos 1980 à arte? Foi quando a elite de Nova York abraçou de verdade o colecionismo. Após as dificuldades econômicas dos anos 1970, os anos 1980 trouxeram uma ressurgência—para o bem ou para o mal, "ganância é boa" e a economia do gotejamento virou o credo não oficial do 1%.
Em uma nota mais simples, o estilo formal sempre foi a marca da Sotheby’s. "O antigo código de vestimenta era: não use no escritório nada que você não usaria em um casamento", diz O’Neill. "Isso diz muito sobre como nossa equipe sempre foi impecável." (Precisa de prova? Dois funcionários da Sotheby’s, Kimberly Pirtle e Ashkan Baghestani, estrelaram a campanha.)
Ame ou odeie, o estilo yuppie—à la O Manual Oficial do Preppy—está em alta. Séries como Sirens e The Perfect Couple zombam do visual, enquanto marcas tradicionais como St. John e Bally estão voltando. Mas talvez pule a gola levantada.