Não a vi até o look 17 — embora não estivesse totalmente certo. A última vez que talvez a tenha visto foi numa boate local por volta de 2005, ou talvez correndo por uma rua de compras lotada. Mas lá estava ela, envolta em um cachecol de pele sintética com estampa de dálmata, caminhando com confiança pela Trafalgar Square em Londres. Era Joni ou Jamie?
Qualquer que fosse aquela ícone do denim dos guarda-roupas dos millennials britânicos, sua aparição marcou um momento importante no grande retorno da Topshop (e da Topman). A amada varejista britânica voltou em um sábado úmido de agosto com seu primeiro desfile em sete anos.
O desfile apresentou as coleções outono/inverno 2025 da Topshop e Topman, modeladas por novos talentos não contratados, descobertos por meio de uma seleção aberta da Wilhelmina Models London. Com o cenário da National Portrait Gallery e o icônico ônibus de dois andares da Topshop em primeiro plano, a maioria das peças estava disponível imediatamente, enquanto outras seriam lançadas em breve no topshop.com — que havia entrado no ar apenas no dia anterior. A trilha sonora misturava "Anxiety" de Doechii, Beyoncé, e os artistas londrinos Skepta e SAULT.
A linha da Topshop incluía peças da coleção de Cara Delevingne: um casaco de pele sintética verde-ervilha, uma jaqueta de retalhos borg e um terno cinza plissado oversized. O denim roubou a cena com o retorno das calças skinny Jamie e Joni — sinalizando uma volta às silhuetas justas que elas popularizaram — junto com um macacão utilitário adornado. Os looks brincavam com combinações peculiares: chapéus tipo pillbox no estilo Prada, saltos inspirados em Ferragamo e tons de joias à la Valentino em bombers e ternos de saia de couro sintético. Uma jaqueta moto vermelha sobre um vestido longo de lantejoulas trouxe um glamour indie sleaze, enquanto meias de bolinhas apareciam sob as saias. As estampas variavam de dálmata a manchas de vaca em tons ricos de berinjela, chocolate e azul-marinho escuro.
A Topman exibiu tricôs de vovô (alguns estilizados de forma criativa, como um suéter enrolado na cabeça do modelo), calças barrel e casacos sob medida com toques juvenis — pense em um bomber de pele sintética verde-garrafa ou uma camisa transparente de chocolate sob uma jaqueta de camurça. Camisas bordadas e denim que variava do índigo ao preto completavam a linha, com modelos carregando bolsas médicas fofinhas de pele sintética.
Fundada em Sheffield em 1964, a Topshop atingiu seu auge no início dos anos 2000, levando a alta moda para as ruas. Sua colaboração com Kate Moss estabeleceu o padrão para marcas de celebridades, enquanto parcerias com designers como Christopher Kane se tornaram itens de colecionador. No seu auge, a Topshop operava 300 lojas no Reino Unido, 11 nos EUA e 100 franquias internacionais. A loja flagship da Oxford Street — com seus vários andares, seção vintage, serviços de beleza e DJ residente — era um rito de passagem para os buscadores de estilo dos anos 2000.
Após a falência da empresa-mãe Arcadia Group em 2020, as lojas físicas da Topshop fecharam antes de serem adquiridas pela ASOS em 2021. Agora sob nova propriedade da Heartland, a marca está sendo relançada via topshop.com, com planos de retornar a concessões em múltiplos varejistas e lojas físicas.
Apesar dos céus cinzentos de Londres, do ar úmido, dos táxis pretos buzinando e das multidões de turistas, a empolgação era palpável no desfile. "Eu costumava visitar a loja da Oxford Street com minhas primas nos fins de semana", disse Mimi, 25, de Blackheath, enquanto esperava atrás da barreira para entrar no desfile. Ela soube do evento online e veio presenciar o renascimento da Topshop em primeira mão.
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No TikTok no dia anterior: "Nós só ficávamos no subsolo. Ainda tenho algumas das minhas blusinhas que uso com jeans hoje. Lembro de achar a Topshop Boutique tão chique."
Fotos: Dave Bennett
"Tinha tanta coisa da Topshop no meu armário, mesmo nunca tendo morado perto de uma loja", diz Pilar, 34, visitando de Cádiz, Espanha. "Meus jeans Joni não eram os melhores pro nosso clima, mas eu os usava mesmo assim. Usar Topshop te fazia sentir descolado, muito Londres."
O que tornava a Topshop especial era como ela refletia a vida real — e vendia aquele estilo de vida de volta pra gente. A marca estava ligada à cultura e às tendências de Londres, desde a colaboração com Kate Moss até o destaque para a estrela em ascensão Cara Delevingne nas campanhas. Suas lojas eram uma experiência, com seções divididas por tendências como "Boho" e "Indie".
Fotos: Dave Bennett
"Eu trabalhei lá — vi de tudo", diz a modelo Alva Claire, usando uma saia de bolinhas da passarela. "Estou animada pra ver os saltinhos plataforma voltarem, aqueles shapes clássicos da Topshop. Tudo mini, curto, divertido."
"Descer aquela escada rolante da Oxford Street era tipo, 'Ahhh!'", diz a atriz e modelo Adwoa Aboah. "Topshop Boutique! Topshop Unique! Topshop Moto! Kate Moss Topshop! O vintage, os sapatos, passando na WAH Nails!"
"Parece que ela realmente entende o que as pessoas estão usando agora", acrescenta Aboah. "Eu usaria muita coisa."
O retorno da Topshop acontece enquanto outras marcas de rua e shoppings enfrentam dificuldades — a Forever 21 entrou com pedido de falência nos EUA, e a Claire’s Accessories foi para administração judicial. Michelle Wilson, diretora-gerente da Topshop, chamou o relançamento de "mais que um retorno — é uma reinvenção. E isso é só o começo."
O objetivo? Reconquistar os millennials e atrair compradores da Geração Z em um cenário de varejo muito diferente. A nostalgia sozinha não trará de volta o hype dos anos 2000 ou aquelas filas caóticas na Oxford Street. Mas com sets de DJ, coquetéis enlatados e matcha da Blank Street mantendo a festa até de noite, a Trafalgar Square está cheia de energia.