Durante uma visita recente à Sephora perto de minha casa para encontrar uma nova base, me deparei com o mesmo problema de sempre: conforme eu avançava na gama de tons de pele, as opções ficavam cada vez mais escassas no extremo mais escuro. Minha pele tem um tom mais próximo do castanho-avelã ou marrom tostado, e, por anos, precisei misturar vários tons para conseguir um que funcionasse.

Não consigo contar quantos produtos de base deixei de comprar simplesmente porque não tinham um tom que combinasse comigo — e sei que o problema é ainda pior para quem tem a pele mais escura que a minha. É uma dificuldade comum para pessoas de cor, como ouvi de amigos e colegas, e como as redes sociais, especialmente o TikTok, têm destacado. A plataforma se tornou um canal direto entre marcas e consumidores, embora, ultimamente, pareça que essa atenção pare em um certo tom de pele.

"Comecei a criar conteúdo sobre beleza porque não me via representada nesse espaço", diz Golloria George, uma criadora popular no TikTok com 3,2 milhões de seguidores. Como uma mulher sudanesa de pele escura, sua frustração com marcas que não ofereciam tons suficientemente profundos ou os excluíam completamente a inspirou a se manifestar. "A inclusão de tons não era uma missão planejada — era minha realidade. Denunciar isso foi apenas uma resposta natural a ser constantemente ignorada."

A maquiadora Danessa Myricks observa que o feedback dos consumidores ganhou força após o movimento Black Lives Matter em 2020. Durante um ano marcado por protestos em todo o país após a morte de George Floyd, muitas marcas se sentiram pressionadas a provar seu compromisso com a inclusão — por meio de campanhas, posts nas redes sociais e lançamentos de produtos. A Fenty Beauty, de Rihanna, que estreou em 2017 com uma gama inédita de 40 tons de base, estabeleceu um novo padrão. "Eu não queria que as mulheres dissessem: ‘Isso é bonito, mas só funciona para ela’", disse Rihanna no lançamento da marca. "Eu queria produtos que mulheres de todos os tons de pele pudessem amar."

No início, as marcas responderam — mas agora, essa energia parece ter desaparecido. "Algumas marcas podem ter se sentido forçadas a isso, mas não era algo autêntico para elas", explica Myricks. Conforme a urgência inicial das conversas sobre justiça racial diminuiu, muitas voltaram aos velhos hábitos. "Agora, estamos vendo suas verdadeiras intenções — e as pessoas estão reagindo a isso."

Como uma mulher negra que analisa e consulta sobre produtos de beleza, aprendi a identificar quais marcas realmente atendem a tons de pele diversos — não apenas com tons "universais" simbólicos. Não se trata apenas do número de tons, ressalta Myricks, mas de uma consideração cuidadosa. "Nem toda marca pode lançar 40 ou 50 tons devido a orçamentos, mas ainda é possível mostrar equilíbrio — do claro ao escuro, com atenção aos subtons e profundidade."

A verdadeira inclusão não é apenas marcar caixas — é entender as nuances do tom de pele e garantir que ninguém seja deixado de fora. George explica a importância da verdadeira inclusão em produtos de beleza: "Não se trata apenas de adicionar alguns tons mais escuros no final. A inclusão real significa considerar quem está no centro durante a formulação, os testes e o marketing — fazendo com que todos se sintam considerados desde o início." Embora as marcas possam limitar as gamas de tons devido a tempo, orçamento ou demanda percebida, o químico cosmético Javon Ford esclarece que criar tons equilibrados não é inerentemente mais caro. O custo real vem com a produção de uma gama extensa (como 50 tons). Em vez disso, as marcas poderiam focar em 10 tons bem equilibrados e construíveis, que cubram do claro ao escuro.

Ford explica o básico da formulação de base: "Usamos os mesmos pigmentos principais — óxidos de ferro vermelho, amarelo e preto, e dióxido de titânio branco — para todos os cosméticos coloridos. Esses quatro podem criar a maioria dos tons de pele, embora grandes empresas possam usar pigmentos adicionais, como verde ou azul, para subtons mais sutis." O segredo, ele observa, é se as marcas realmente se importam com a diversidade em seu desenvolvimento de tons. "É crucial ter equipes diversas trabalhando nas formulações, porque as cores aparecem de maneira diferente em tons de pele variados."

Então, por que algumas marcas ainda tendem para tons mais claros? A maquiadora Myricks aponta preocupações com receita: "Muitas marcas focam em tons médios e amarelados porque veem mais potencial de vendas ali." Mas esse pensamento é falho — consumidores negros gastaram US$ 9,4 bilhões em beleza em 2023, e excluir tons mais profundos significa perder completamente esse mercado.

A criadora de beleza Toni Bravo distingue entre marcas que performam inclusão e aquelas que realmente se comprometem com ela. Com quase 900 mil seguidores, Bravo ajuda as pessoas a encontrar tons que realmente funcionam para sua pele. Sua colaboração com a Rhode nos novos tons de Pocket Blush (Date Cake e Plum) veio após críticas sobre as limitações da gama inicial para peles mais escuras. "A Rhode realmente ouve", diz Bravo. "Eles são incomumente envolvidos para uma marca de celebridade, verdadeiramente apaixonados por fazer mudanças." Ela observa que sua parceria orgânica se desenvolveu ao longo de meses de testes de produtos e criação de conteúdo antes da consulta oficial.

Demos feedback honesto sobre como nos sentíamos, e sempre me senti ouvida em cada observação que compartilhei. Como resultado, criamos alguns dos meus novos blushes favoritos — foi um sonho realizado.

Enquanto Hailey Bieber e a Rhode optaram por não comentar, sua colaboração com Bravo e George, apesar das críticas dos clientes, reflete a mensagem principal de Myricks: mostra intenção.

A marca de Myricks também estabelece um alto padrão para inclusão, garantindo que todos os tons e tipos de pele sejam representados em cada lançamento. Sua linha se destaca em cor — desde o Yummy Skin Blurring Balm Powder perfeitamente ajustado até os versáteis pigmentos Colorfix, há realmente algo para todos.

"Danessa é um exemplo brilhante de inclusão, positividade e luz na indústria da beleza", diz Bravo. "Com a DMB, a inclusão nunca é questionada." Esse mesmo compromisso é visto em marcas como Ami Cole, Pat McGrath Labs, LYS Beauty e Fenty Beauty, que continuam a celebrar pessoas em todo o mundo, garantindo que ninguém se sinta invisível.

Só o tempo dirá como a inclusão de tons evoluirá até 2025 e além. "A pressão está se transformando em propósito, e isso me dá esperança", diz George. Para as marcas que estão encontrando seu lugar nessa conversa, o conselho de Myricks é fundamental: "Ao construir algo, você sabe para quem está construindo."