À primeira vista, Still Kelly parece uma marca construída puramente sobre uma estética de vibes. Mas isso não é motivo para ignorá-la — pelo contrário, é motivo para prestar mais atenção. Afinal, as vibes são inegavelmente fortes.

Marc Kalman, diretor criativo e um polímata típico do século XXI (embora o designer de voz suave e timidamente cativante possa rejeitar esse rótulo), lançou a marca em outubro passado com uma coleção de 39 peças. Agora, o segundo lançamento está chegando online na Ssense e em seu site. O fotógrafo Frank Lebon clicou o lookbook, que conta com a estrela em ascensão Mona Tougaard e o modelo-ator Paul Hameline.

Apontando para uma imagem da campanha em que Hameline aparece sem camisa com um cigarro pendurado nos lábios, Kalman reflete: "Não sei o que isso faz, mas faz… alguma coisa."

Os designs de Kalman têm essa mesma qualidade elusiva. Esta coleção inclui camisetas justas, shorts sociais curtos e extralongos, um casaco leve e elegante e calças marcantes com costuras sutis nas emendas. São peças que você vê em pessoas naturalmente descoladas — como o próprio Kalman, Tougaard ou Hameline — e assume que o apelo vem de quem as veste. Mas olhe mais de perto: os tecidos e o acabamento, produzidos em lugares como Itália, Portugal e China, revelam peças bem-feitas, favorecedoras e desejáveis. Na linguagem online de hoje, elas têm aura.

Natural da Flórida, Kalman não começou como designer. Estudou moda e negócios no LIM College em Nova York antes de migrar para o trabalho editorial — primeiro como estagiário na Vogue Japão, depois na T Magazine — até chegar à indústria musical, onde cuidou da direção criativa para artistas. "Foi uma oportunidade para fazer de tudo," ele diz. "Criar roupas, desenhar capas, fotografar, dirigir vídeos — tudo isso."

Ele se dedicou totalmente ao design há cerca de quatro anos, quando começou a trabalhar na Still Kelly. "Eu só não queria mais criar para os outros," explica. "Queria fazer roupas."

Kalman levou seu tempo com a marca. A primeira coleção levou quase dois anos para ser desenvolvida. "Foi agridoce," ele admite. "Quando foi lançada, eu já tinha evoluído criativamente." Agora, ele entende que é assim que a moda funciona — os designers trabalham meses à frente. "Meu objetivo é encurtar essa lacuna," diz. Ainda assim, a Still Kelly é intencionalmente lenta.

"Às vezes eu me apaixono pelas coisas mais bobas e fico obcecado até odiá-las," Kalman diz rindo. No momento, uma dessas obsessões é criar um "camuflagem descolada." Um catálogo da exposição de estampas camufladas de Andy Warhol em 1988 está em sua mesa para inspiração. "Sempre estou tentando descobrir o que falta no meu cérebro," ele reflete. "Tenho 37 anos e faço coisas há muito tempo, mas ainda me animo em criar."

Em vez de esboçar, Kalman trabalha com colagens — recortando imagens e preenchendo os espaços. Ele prioriza qualidade, insistindo que "não cede, nem mesmo em uma camiseta." Embora acompanhe a moda, evita tudo que seja óbvio. "Mesmo que me inspire em tendências, não quero fazer roupas trendy," diz. Como a maioria das pessoas fashionistas, ele pensa no "custo por uso" ao comprar — e projeta com a mesma mentalidade. "Construir um mundo e criar ótimos produtos leva tempo," ele acrescenta. "Estou bem com isso."

"Still Kelly" é um apelido bobo que um amigo deu a Kalman quando ele era mais novo. Pegou tanto que, quando ele se apresentava como Marc, as pessoas diziam: "Achei que você fosse Kelly." Kalman explica: "Estou tentando inventar uma história melhor."

Mas ele não precisa overthink o nome da marca. Algumas coisas simplesmente pegam — como seu apelido, Kelly. E, pelo visto, Still Kelly, a marca, também vai pegar.