Localizada no alto do Distrito Financeiro de Manhattan, no endereço 180 Maiden Lane, na cidade de Nova York, está a Library180, uma biblioteca de referência sem fins lucrativos. Ela foi fundada por Nikki Igol, pesquisadora e arquivista de imagens, e Steven Chaiken, cofundador da SN37, uma agência criativa que representa artistas visuais e fez uma parceria com a biblioteca em seu lançamento. Juntos, eles criaram um arquivo excepcional contendo mais de 3.000 publicações raras e esgotadas que abrangem arte, moda, erotismo e subculturas — uma coleção que levou trinta anos para ser construída. A biblioteca é gratuita para visitação mediante agendamento e rapidamente se tornou um centro para artistas, estudantes e equipes criativas em busca de inspiração no mundo físico da impressão.
Como alguém que cresceu sem internet, senti uma conexão imediata com o que Steven e Nikki estão construindo. Para mim, inspiração costumava significar passar dias inteiros em bibliotecas e arquivos, folheando revistas e livros, imergindo em imagens e textos sem interrupções ou algoritmos guiando minha visão. Aquelas horas eram jornadas: eu me perdia em histórias, cedia à fantasia e apurava meu olhar de maneiras que pareciam naturais e profundas.
É por isso que a Library180 ressoa tão fortemente em mim. O que minha geração talvez tenha considerado garantido — sentar-se a uma mesa, virar páginas, absorver uma revista inteira — tornou-se um ato radical hoje. Em uma cultura de rolagem digital infinita, a Library180 traz de volta a lentidão, a presença física e a natureza colaborativa do impresso. Ela nos lembra que a pesquisa pode ser uma experiência, não apenas uma transação de dados.
Eu realmente admiro esta iniciativa e incentivo fortemente nossa comunidade do PhotoVogue em Nova York a visitar. A Library180 é mais do que um arquivo; é um lugar onde a imaginação é revivida — onde o simples ato de virar uma página se torna um gesto poderoso de descoberta.
Para saber mais sobre a visão por trás da Library180, conversei com o cofundador Steven Chaiken, que compartilhou como o projeto começou, por que é importante agora e o que oferece a uma nova geração de criadores de imagens.
Aqui está nossa conversa.
Sobre Origens e Visão
P. O que inspirou você e Nikki a transformar um arquivo pessoal na Library180?
Somos inundados por um fluxo constante de conteúdo todos os dias — imagem após imagem — e, de muitas maneiras, isso criou um vazio para a verdadeira inspiração.
Quando Nikki e eu começamos, o processo era diferente. A pesquisa de imagens significava vasculhar arquivos, explorar revistas novas e antigas, experimentar histórias em contexto. Esse processo de descoberta gerava ideias: novas maneiras de contar uma história, perspectivas frescas sobre como uma imagem poderia influenciar sua visão ou reformular um produto.
Vimos a chance de trazer esse processo de volta à comunidade — reintroduzir a pesquisa de imagens como um recurso ativo, não como consumo passivo.
Quando Nikki sugeriu essa ideia pela primeira vez, eu me identifiquei imediatamente. A expertise dela, sua carreira e o arquivo incrível que ela construiu a tornaram a pessoa perfeita para liderar essa visão.
P. Por que 180 Maiden Lane? O que fez com que essa localização parecesse certa para o projeto?
Desde o início, era importante para nós que a sede da biblioteca fosse inspiradora por si só — um lugar onde as pessoas pudessem vir para explorar, aprender e sonhar. 180 Maiden Lane foi o primeiro local que visitamos e soubemos imediatamente que era o certo.
A luz, a escala, as vistas — tudo parecia perfeito. Mesmo como um canteiro de obras, conseguíamos visualizar como o espaço ganharia vida.
Sobre o Impresso e a Cultura
P. Que papel você acha que o impresso ainda desempenha na cultura atual, digital e impulsionada pela IA?
O impresso é nossa âncora constante — ele perdura. Passado de mão em mão, armazenado em um arquivo, repousando em uma prateleira — ele é revisitado repetidamente. Ele sobrevive. Você pode ver as impressões digitais, as dobras, os post-its. Comparado à natureza fugaz do conteúdo digital, essa permanência é poderosa e inspiradora. É uma experiência que você não pode replicar. Não se replica digitalmente. Na Biblioteca, esse contraste na experiência do impresso é tudo.
P: Como folhear revistas em um arquivo é diferente de encontrar inspiração online?
Isso aprimora seu olhar, como Nikki diz. Você descobre o que realmente atrai você: algo chama sua atenção e leva você a outra imagem, outra história, outra publicação. Você se torna o árbitro de sua própria jornada, deixando a inspiração e o instinto guiá-lo em tempo real.
Você também está experimentando essas histórias em sua forma original completa — o resultado de centenas de horas de sangue, suor e arte das pessoas que as fizeram.
A publicação e a criação de revistas estão entre as mídias mais colaborativas. Escritores, editores, fotógrafos, designers e diretores de arte — cada um incrível em seu próprio papel — se unem para criar algo maior do que a soma das partes. Experimentar o impresso dessa maneira permite que você se inspire nessa visão colaborativa completa, de uma forma que os fragmentos digitais nunca podem.
Sobre a Coleção e a Comunidade
P: Como vocês decidem o que pertence ao arquivo?
Nikki — ninguém melhor! Guiado pelo olhar de Nikki, o arquivo contém material que você simplesmente não encontra online. Começou com a coleção pessoal dela, construída ao longo de 30 anos, e agora inclui cerca de 3.000 publicações, do pop ao pós-moderno. Continua a crescer por meio de doações — somos uma 501(c)(3). À medida que se expande, vamos rodar as publicações, garantindo que cada visita ofereça uma nova experiência.
P: Por que era importante tornar a Library180 gratuita, mas mediante agendamento?
Construímos a Library180 para ser aberta e acessível, centrada na ideia de um engajamento ativo com um arquivo.
O sistema de agendamento torna a experiência mais intencional. Ajuda-nos a gerenciar a demanda — que tem sido esmagadora (estamos com agenda lotada até 2026) — e garante que Nikki possa estar presente com cada visitante, oferecendo orientação, se necessário. Os agendamentos são feitos por hora, mas uma vez dentro, você pode ficar o tempo que quiser.
P: Como você imagina que fotógrafos e artistas visuais a usarão como recurso?
Quando lançamos, era um palpite — acreditávamos que poderia ser um recurso incrível para a comunidade. Ver artistas, estudantes e grupos no espaço tornou isso real. A energia é imediata.
Quando equipes de revistas, marcas ou agências visitam, vê-las tirar inspiração do arquivo e trocar ideias em tempo real é emocionante. Isso comprova o modelo — e é profundamente gratificante.
Nossa esperança é que continue a alimentar a ideação e a inspiração, gerando ideias e perspectivas que veremos refletidas de volta no mundo.
Sobre a Atmosfera e a Experiência
P: A "sala de conteúdo adulto" já é um ponto de discussão. Por que era importante preservar esse lado da cultura das revistas?
A sala de conteúdo adulto — outro golpe de genialidade da Nikki. Quando vimos o espaço pela primeira vez, havia uma área nos fundos com a qual não sabíamos o que fazer. Nikki sempre quis criar um conceito de "sala dos fundos" com parte de seu arquivo, e a sala de conteúdo adulto nasceu.
É um termo um tanto impreciso — não é realmente "conteúdo adulto" — mas o nome pegou. Uma grande parte da coleção de Nikki está nas franjas eróticas da moda, arte e cultura pop: publicações que empurraram os limites da criação de imagens. Não é conteúdo hardcore, mas uma exploração da sexualidade, forma e provocação. E as imagens são incríveis — edições da Viva com Anna Wintour como editora de moda antes da Vogue, uma reportagem de doze páginas de Jean-Paul Goude e muito mais.
Você definitivamente não encontrará isso online — temos até cuidado ao publicá-las no Instagram. Preservá-las aqui mantém essa fronteira da cultura viva, visível e acessível.
P: O que você espera que as pessoas sintam quando entram na Library180 pela primeira vez?
Mais do que tudo, queremos que as pessoas se sintam inspiradas — que saiam com ideias que não tinham quando entraram e que as levem de volta ao mundo.
A Library180 é um lembrete de que o ato de... Pesquisar pode ser uma forma de arte em si — uma construída sobre paciência, atenção e curiosidade. Em uma época em que as imagens são consumidas e esquecidas em um instante, Steven e Nikki nos encorajam a desacelerar: tocar, notar, pensar. O que pode parecer nostalgia à primeira vista é, na verdade, algo radicalmente visionário — um lembrete de que a criatividade prospera não no barulho do conteúdo infinito, mas na intimidade silenciosa da verdadeira descoberta.
O que torna a Library180 ainda mais notável é o profundo conhecimento e o gosto refinado pela imagem de moda e revistas que transparece na coleção. Este não é apenas um arquivo de material impresso — é um registro vivo de décadas de cultura visual. Cada título, cada edição, cada página revela um olhar criterioso e um amor profundo pelo ofício da criação de imagens.
Para mim, entrar na Library180 é como entrar em um lugar onde o tempo desacelera e a inspiração pode se desdobrar sem pressão. Para aqueles de nós que cresceram com o ritual do impresso, parece como voltar para casa. Para uma geração mais jovem, pode parecer uma revelação. De qualquer forma, é um presente extraordinário para a comunidade criativa de Nova York — e um que recomendo de coração aos nossos artistas do PhotoVogue e além.
Perguntas Frequentes
Perguntas Frequentes sobre Inside Library180: O Arquivo Radical da Cultura Impressa de Nova York
1 O que é o Inside Library180?
O Inside Library180 é um arquivo digital e centro de recursos focado na cultura impressa radical de Nova York e além. Ele coleta materiais como zines, panfletos, pôsteres e livros que documentam movimentos sociais, ativismo e vozes alternativas.
2 Para quem é este arquivo?
É para qualquer pessoa interessada em ativismo, história ou publicação independente — incluindo estudantes, pesquisadores, artistas e indivíduos curiosos que desejam explorar ideias e movimentos radicais.
3 Que tipos de materiais posso encontrar aqui?
Você encontrará uma ampla variedade de itens, como folhetos de protesto, zines DIY, boletins informativos radicais, pôsteres políticos e livros raros que cobrem tópicos como feminismo, antirracismo, direitos trabalhistas e ativismo LGBTQ.
4 Tudo no arquivo é gratuito para acessar?
Sim, o arquivo é acessível gratuitamente online para incentivar o aprendizado e o engajamento com histórias radicais.
5 Como posso pesquisar por algo específico?
Use palavras-chave, datas ou tópicos na barra de pesquisa. Você também pode navegar por coleção, tema ou formato para descobrir materiais de forma mais ampla.
6 Posso contribuir com meus próprios materiais para o arquivo?
Sim, a Library180 aceita contribuições. Se você tem zines, documentos ou outros materiais impressos relacionados a movimentos radicais, pode contatá-los via site para avaliação.
7 O que torna este arquivo radical?
Ele se concentra em materiais que desafiam narrativas predominantes e destacam perspectivas marginalizadas ou ativistas, frequentemente produzidas fora dos sistemas de publicação tradicionais.
8 Os materiais são apenas de Nova York?
Embora o arquivo tenha um forte foco na história radical de Nova York, ele também inclui materiais de outras regiões e movimentos com conexões com esforços mais amplos de justiça social.
9 Como isso é diferente de uma biblioteca comum?
Ao contrário das bibliotecas tradicionais, a Library180 é especializada em materiais de base, não comerciais e muitas vezes difíceis de encontrar, que refletem movimentos ativistas e contraculturais.
10 Posso usar esses materiais para um projeto escolar ou pesquisa?
Com certeza. O arquivo é um ótimo recurso para trabalhos acadêmicos. Apenas certifique-se de citar a fonte corretamente de acordo com suas diretrizes.
11 Existem restrições sobre como posso usar o conteúdo?
A maioria dos materiais está disponível para uso pessoal, educacional ou não comercial.