Ajustamos nossos horários para descobrir quem morreu, mas o momento do final de The White Lotus que realmente nos atingiu foi o monólogo de Laurie sobre a complexidade da amizade feminina. Depois de uma temporada de tensão passivo-agressiva, o trio de mulheres que adorávamos julgar se sentou para seu jantar de despedida, onde duas delas fingiram que a semana tinha sido perfeita. Jaclyn (interpretada brilhantemente por Michelle Monaghan), a atriz satisfeita consigo mesma, comparou a viagem tensa a “flutuar em uma nuvem”, enquanto Kate (a socialite texana apoiadora de Trump de Leslie Bibb) declarou com arrogância que seu “jardim metafórico está florido”. Mas Laurie — minha nova personagem favorita, graças à atuação visceral de Carrie Coon — não comprou a narrativa.
Advogada divorciada que luta para se sentir satisfeita, Laurie cortou a farsa. “Que engraçado, porque, pra ser sincera, passei a semana toda tão triste”, ela admitiu, com a voz tremendo. “Sinto que minhas expectativas eram altas demais… ou que, conforme a gente envelhece, precisa justificar a vida, sabe? Nossas escolhas. E quando estou com vocês, fica tão óbvio quais foram minhas escolhas — e meus erros.”
Esperei que Laurie explodisse, que acusasse as amigas de serem falsas. Em vez disso, ela foi devastadoramente honesta de outra forma. Confessou que não tinha um sistema de crenças real, que os marcos sociais — casamento, maternidade, sucesso profissional — não a preencheram. Mas na Tailândia, um lugar imerso em espiritualidade, ela percebeu algo: o tempo em si, incluindo sua amizade de décadas com Jaclyn e Kate, era o que dava significado à sua vida.
“Começamos essa vida juntas”, ela disse, desmoronando. “Estamos passando por ela separadas, mas ainda estamos juntas. E quando olho para vocês, parece significativo. Não sei explicar, mas mesmo quando ficamos à beira da piscina falando merda, ainda parece… profundamente importante.” Depois de elogiar o “rosto lindo” de Jaclyn e a “vida linda” de Kate — o que mais importa para cada uma —, ela soltou a frase definitiva: “Só estou feliz por estar à mesa.”
Meu marido não entendeu (aparentemente, muitos não entenderam), mas eu me emocionei. Na manhã seguinte, meus grupos de mensagem estavam cheios de amigas dissecando o discurso de Laurie — mais do que qualquer reviravolta dramática. Uma amiga observou que, desde o monólogo de America Ferrera em Barbie, nenhum momento na tela havia ressoado tão profundamente com as mulheres.
As palavras de Laurie nos arrasaram porque expressaram verdades não ditas sobre a amizade feminina. Sim, suas amigas mais antigas enxergam você — às vezes refletindo uma versão sua que você já superou. Mas há algo profundo em estar com elas, falando na linguagem compartilhada de vocês, admirando como elas mudaram e, ao mesmo tempo, permaneceram exatamente as mesmas. Ano passado, reencontrei duas amigas da faculdade depois de anos separadas e me impressionei ao vê-las se tornarem as mulheres confiantes que sempre deveriam ser. Só estar perto delas foi um presente.
Claro, Jaclyn, Kate e Laurie brigaram a temporada toda, mas a verdadeira reviravolta foi como The White Lotus as redimiu. O criador Mike White me pegou: passei a temporada julgando suas conversas superficiais e roupas de resort. Mas Laurie as ancorou. Sem dizer explicitamente, ela argumentou que a amizade feminina — confusa, duradoura e profundamente significativa — é seu próprio tipo de salvação. Amizades podem ser bagunçadas, e talvez tudo bem — desde que o amor esteja no centro. Como uma de minhas melhores amigas me mandou por mensagem ontem, amizades femininas de longo prazo vão além de brigas banais ou fases estranhas. São mais profundas e duradouras, mesmo quando, como a maioria dos relacionamentos, são imperfeitas e complicadas.
Quando Laurie fala sua verdade no jantar em The White Lotus, a série captura algo dolorosamente familiar: um grupo de mulheres sentadas à mesa, apresentando as versões mais polidas e impecáveis de suas vidas. Seus parceiros adoráveis, sempre dizendo a coisa certa; seus filhos incrivelmente brilhantes e atléticos, intocados pelo caos da internet. Mesmo como mulheres adultas — mesmo com terapia, sabedoria ou experiência de vida —, o impulso de se gabar, de “justificar sua vida”, como Laurie diz, pode parecer instintivo. Essa pressão é ainda maior quando você se sente tão perdida e excluída quanto Laurie se sentiu a temporada toda.
É preciso coragem para romper com o grupo, mas o que mais me comoveu no monólogo dela foi ver como ela direcionou a conversa para algo real. Aos 43, é isso que a verdadeira amizade significa para mim hoje: a capacidade de ser vulnerável, abandonar a farsa da perfeição e simplesmente sermos nós mesmas — mesmo quando estamos tristes, vaidosas, ridículas ou em desacordo político (por mais desconfortável que isso seja). É sobre ficar feliz só por estarmos juntas à mesa.
A “Mesa das Gabações” sempre me deixou fria, mas, estranhamente, o arco dessas três amigas me fez enxergá-la com mais empatia. Assistindo a essas personagens de TV de prestígio, me peguei pensando nas razões profundamente humanas — insegurança, dor? — que levam mulheres a performar umas para as outras. E me senti esperançosa, refletindo sobre como amizades podem e evoluem.
No jantar final, Laurie muda tudo ao falar sua verdade. Jaclyn e Kate se abrandam, lágrimas são derramadas, “eu te amo” é trocado, e o trio fragmentado finalmente se reúne no sofá, rindo com pura alegria. Minha conclusão? Todos deveríamos ser um pouco mais como Laurie.