Há três anos, Julian Fellowes apresentou ao público A Era Dourada, um drama luxuoso e viciante que acompanha a vida extravagante da elite de Nova York na década de 1880. Ambientado em um cenário de rápidas mudanças sociais e industriais, a série gira em torno da rivalidade feroz entre Bertha Russell (Carrie Coon), a ambiciosa esposa de um magnata das ferrovias — inspirada na socialite Alva Vanderbilt — e Caroline Astor (Donna Murphy), a rainha incontestável da aristocracia tradicional de Nova York.

Retornando para sua terceira temporada em 22 de junho, A Era Dourada mostra os Russells manobrando para garantir seu lugar na alta sociedade, arranjando casamentos estratégicos para seus filhos — o amor é opcional —, um enredo que reflete o destino real de Consuelo Vanderbilt.

"Figuras históricas desempenham um papel crucial em trazer nosso mundo dourado à vida", diz o produtor executivo David Crockett. "Elas não apenas imergem o público na época, mas também destacam os debates reais daquele tempo." A segunda temporada aborda questões como os direitos das mulheres e a integração escolar, ancorando o drama ficcional em um contexto histórico.

Curioso para saber quem é baseado em pessoas reais? Aqui está um resumo dos personagens e suas contrapartes da vida real.

### Temporada Um

#### Caroline Schermerhorn Astor
Julian Fellowes não esconde a inspiração por trás do personagem de Donna Murphy — a Sra. Astor era de fato a governante incontestável da sociedade nova-iorquina. Como o escritor da Vogue Frank Crowninshield observou em 1941, sua influência era "absoluta" e duradoura.

Nascida na elite tradicional Knickerbocker holandesa, Caroline Schermerhorn casou-se com William Backhouse Astor, herdeiro de uma fortuna construída no comércio de peles e imóveis. Sua posição social e a riqueza do marido consolidaram seu lugar no topo da sociedade.

A Sra. Astor era tradicionalista — Crowninshield a descreveu como alguém que preferia "famílias antigas, costumes antigos, empregados antigos, óperas antigas, rendas antigas e amigos antigos". Junto de Ward McAllister, ela ficou famosa por criar "Os 400 da Sra. Astor", a lista exclusiva das famílias mais aceitáveis de Nova York (um número baseado na capacidade de seu salão de baile).

Mas, à medida que as novas fortunas industriais ofuscaram o dinheiro antigo no final do século XIX, seu controle sobre a sociedade enfraqueceu. Ela acabou tendo que aceitar os Vanderbilts e outras famílias novas-ricas — não por escolha, mas porque sua riqueza superava a dela. Na virada do século, seu reinado havia acabado.

#### Alva Vanderbilt
A ousada e rica Bertha Russell é uma versão ficcional de Alva Vanderbilt, esposa do magnata das ferrovias William Kissam Vanderbilt. Inicialmente rejeitada pela elite de Nova York (sua mansão Petit Château foi considerada brega), os Vanderbilts sabiam que uma coisa poderia abrir as portas da sociedade: um baile grandioso e impossível de ignorar.

O dinheiro era o único obstáculo no caminho deles — e em grande quantidade.

Vanderbilt gastou extravagantemente. Uma festa que organizou para sua filha, Consuelo, custou milhões, forçando a Sra. Astor a aceitá-la em seu círculo. Os Astors perceberam que seu status social sofreria se não comparecessem. Como The New York Times destacou em 1899, a riqueza dos Vanderbilts havia se tornado tão influente que até as famílias mais tradicionais de Nova York não tiveram escolha a não ser ceder.

Consuelo Vanderbilt

A doce e gentil Gladys Russell (Taissa Farmiga) é claramente inspirada em Consuelo Vanderbilt, filha de William Kissam e Alva Vanderbilt. Enquanto a jovem Consuelo sonhava em se casar por amor, sua mãe tinha ambições maiores — garantir um casamento de alto escalão. Contra sua vontade, Consuelo foi casada com o nono Duque de Marlborough.

O casamento foi infeliz. O duque só se importava com dinheiro, exigindo um dote de US$ 2,5 milhões (mais de US$ 75 milhões hoje). Como a Vogue relatou posteriormente, o duque usou a fortuna para restaurar sua mansão ancestral, o Palácio de Blenheim, e construir uma residência luxuosa em Londres. Consuelo, com o coração partido, chegou atrasada ao próprio casamento e chorou atrás do véu. Eles acabaram se divorciando.

Em A Era Dourada, Gladys parece destinada a um destino semelhante. Assim como Consuelo, seus pais desprezam seu primeiro amor — um americano gentil, mas socialmente insignificante — em favor de um casamento mais vantajoso.

Ward McAllister

Julian Fellowes nem se preocupou em renomear o personagem de Nathan Lane — Ward McAllister foi um árbitro social real na década de 1890. Lane captura perfeitamente a essência de McAllister, desde seu sotaque sulista até seu característico bigode.

Originalmente de Savannah, McAllister era o braço direito de Caroline Astor até sua morte em 1895. Homem de gosto refinado, ele supostamente ensinou à Sra. Astor tudo o que ela sabia sobre gastronomia — especialmente sobre tartaruga. Ele também ajudou a transformar Newport, Rhode Island, em um refúgio de verão para a elite americana.

Ao contrário da Sra. Astor, McAllister acolhia famílias novas-ricas como os Vanderbilts e Morgans, facilitando sua aceitação na alta sociedade.

Sra. Mamie Fish

Conhecida por sua festa de bonecas na primeira temporada e um papel maior na segunda, Mamie Fish (Ashlie Atkinson) foi uma socialite real. Embora não fosse a mais rica, era a mais divertida, famosa por seu humor e festas extravagantes em Nova York e Newport. Curiosidade: Ela foi uma das fundadoras da Vogue e patrocinadora do anual desfile de bonecas de Nova York. Após a morte da Sra. Astor, Fish e Alva Vanderbilt se tornaram figuras líderes na sociedade nova-iorquina.

Arabella Huntington

O personagem de Jeanne Tripplehorn, Sylvia Chamber, é inspirado em Arabella Huntington. Lain (à direita) compartilha várias semelhanças com a socialite Arabella Huntington da Era Dourada.

Foto: Alison Cohen Rosa/HBO

Sylvia Chamberlain (Jeanne Tripplehorn) — a viúva rica da Era Dourada com um passado escandaloso — tem uma semelhança impressionante com Arabella Huntington. Assim como Chamberlain, Huntington foi a segunda esposa de um rico industrialista americano, Collis Huntington. Sua história de amor foi complicada e controversa: ela se casou com ele apenas nove meses após a morte de sua primeira esposa por câncer.

Apesar de se mudarem para a Quinta Avenida, o casal continuou sendo ostracizado pela alta sociedade de Nova York devido ao passado misterioso de Arabella e às práticas de negócios implacáveis de Huntington — notórias mesmo naquela época impiedosa. Os Astors e Vanderbilts se recusavam a se associar a eles, conforme relatado pelo Los Angeles Times. Assim como Chamberlain, Arabella também teve um filho fora do casamento (embora ainda seja debatido se o pai era Huntington ou outro homem, John Worsham). Após a morte de Huntington, ela se casou com seu sobrinho, Henry.

Ambas eram apaixonadas colecionadoras de arte. Grande parte da coleção de Arabella foi posteriormente doada ao Metropolitan Museum of Art.

### Stanford White
Foto: Getty Images

A luxuosa casa dos Russells é praticamente um personagem por si só, simbolizando a ascensão dos novos ricos. Seu arquiteto, Stanford White (introduzido no primeiro episódio e interpretado por John Sanders), era sócio do escritório McKim, Mead & White, um dos mais influentes da Era Dourada. Conhecido por seus projetos grandiosos inspirados na Europa, White construiu mansões para os Astors e Vanderbilts, além de marcos de Nova York como o Arco do Washington Square, o Metropolitan Club e a Sala dos Veteranos no Park Avenue Armory. Ele também projetou a mansão Rosecliff em Newport (modelada após o Grand Trianon de Versalhes) e a Biblioteca Pública de Boston e o Symphony Hall.

No entanto, A Era Dourada pode não explorar o legado sombrio de White. Em sua vida pessoal, ele predava jovens mulheres, incluindo a modelo Evelyn Nesbit, que tinha cerca de 16 anos quando se conheceram. Anos depois, em 1906, o marido de Nesbit, Harry Thaw, atirou e matou White durante uma apresentação no Madison Square Garden — um edifício que o próprio White havia projetado. O sensacionalista julgamento que se seguiu foi chamado de "julgamento do século", embora Thaw tenha sido absolvido por insanidade.

### T. Thomas Fortune
*Atores Denée Benton e Sullivan Jones em A Era Dourada.
Foto: Barbara Nitke/HBO*

O editor de Peggy, T. Thomas Fortune (interpretado por Sullivan Jones), foi um jornalista, editor e líder dos direitos civis radical na vida real. Nascido na escravidão na Flórida, Fortune ganhou liberdade através da Proclamação de Emancipação e posteriormente estudou direito e jornalismo na Howard University. Ele trabalhou em importantes jornais negros como The People’s Advocate, The New York Age e The New York Globe, tornando-se uma das vozes negras mais influentes de seu tempo.

Em 1890, ele co-fundou a Afro-American League, precursora de grupos como a NAACP, e defendeu os direitos dos negros até a década de 1920. Ele também aconselhou Booker T. Washington (que aparece na segunda temporada) e editou sua primeira autobiografia.

### Clara Barton
Esquerda: Getty Images; direita: HBO

A heroica enfermeira e filantropa Clara Barton (interpretada por Linda Emond) aparece no início da primeira temporada, quando as mulheres da "velha Nova York" arrecadam fundos para a Cruz Vermelha Americana, fundada por Barton em 1881. Uma pioneira da enfermagem hospitalar... (texto continua)Durante a Guerra Civil, Clara Barton ficou conhecida como o "anjo do campo de batalha". Com a aprovação do presidente Lincoln, ela criou o Escritório de Soldados Desaparecidos, reunindo mais de 20 mil soldados com suas famílias. Em 1869, após visitar a Suíça e testemunhar os esforços humanitários europeus para soldados feridos, ela se voluntariou na Guerra Franco-Prussiana e mais tarde fundou a Cruz Vermelha Americana, servindo como sua primeira presidente por 23 anos.

Temporada Dois
Christine Nilsson
A soprano sueca Christine Nilsson (interpretada por Sarah Joy Miller) foi uma das estrelas da ópera mais requisitadas entre as décadas de 1860 e 1880. Baseada principalmente em Paris, ela ingressou na Ópera de Paris em 1868, originando o papel de Ophélie em Hamlet. Ela ficou famosa por sua interpretação de Marguerite em Faust, apresentando-se com a Ópera de Paris e fazendo sua estreia na América do Norte em Boston em 1871.

Nilsson se apresentou pela primeira vez na cidade de Nova York no Academy of Music em 1871, tornando-se intimamente ligada ao prestigioso local. Em um momento marcante durante a temporada de ópera de 1883-1884, ela estrelou Faust na performance inaugural do Metropolitan Opera — um grande golpe para o novo teatro e um desdém para o Academy of Music.

Sua influência era inegável. The New York Times observou que Nilsson podia ditar seus papéis e até impedir que outras sopranos os interpretassem na mesma temporada. Seu legado perdurou na literatura: A Era da Inocência, de Edith Wharton, começa com sua performance em Faust, e acredita-se que ela tenha inspirado Christine Daaé em O Fantasma da Ópera.

Oscar Wilde
Quando Oscar Wilde (interpretado por Jordan Sebastian Waller) excursionou pelos EUA na década de 1880, ele já era um defensor do Esteticismo, embora suas obras mais famosas ainda estivessem por vir. Conhecido por sua sagacidade e estilo extravagante, sua primeira peça, Vera; ou, Os Niilistas, estreou no Union Square Theatre de Nova York em 1883. Apesar de lotar a casa, os críticos a consideraram um fracasso, e ela fechou antes do esperado.

O dramaturgo William Perzel sugeriu que Wilde se recusou a promover a produção aparecendo no palco ou dando palestras entre os atos. Quando abordado por um repórter, Wilde — fumando um charuto e vestido de forma incomumente simples — apenas comentou: "Ah, mas estou tomando meu café da manhã, não vê?"

Booker T. Washington
Assim como T. Thomas Fortune, Booker T. Washington (interpretado por Michael Braugher) saiu da escravidão para se tornar uma figura proeminente na liderança negra. O período de 1880 a 1915 é frequentemente chamado de "a Era de Booker T. Washington". The New York Times mais tarde elogiou seu "gênio", afirmando que poucos americanos contribuíram tão profundamente para a nação. Como autor, educador e conselheiro de presidentes e figuras influentes, Washington deixou uma marca indelével.

Washington trabalhou para promover melhores relações entre as raças, como destacado em seu famoso discurso de 1895, o "Compromisso de Atlanta". No entanto, muitos ativistas negros, especialmente no Norte, criticaram sua abordagem por ser muito conciliadora.

Na segunda temporada, os espectadores veem a Tuskegee Normal and Industrial School (agora Tuskegee University), uma faculdade historicamente negra no Alabama fundada por Washington em 1881. A escola focava em treinamento industrial e vocacional, ensinando tanto acadêmicos quanto habilidades práticas — os alunos até ajudavam a construir o campus e manter sua fazenda. A Era Dourada explora o debate entre líderes negros do Norte e do Sul sobre a melhor educação para elevar sua comunidade e o quão firmemente eles deveriam desafiar o status quo.

Charles Spencer-Churchill, 9º Duque de Marlborough
Para resolver a rivalidade entre as duas casas de ópera, a Sra. Russell e a Sra. Astor competem pelo favor do Duque de Buckingham (interpretado por Ben Lamb). A Sra. Russell tem um objetivo ainda maior: encontrar um casamento adequado para sua filha Gladys — e, se a história servir de indicação, ela provavelmente terá sucesso. O Duque de Buckingham parece inspirado em Charles Spencer-Churchill, o 9º Duque de Marlborough, que herdou seu título em 1892 em meio a dificuldades financeiras e buscou se casar com a riqueza americana "nova-rica". A perspectiva de um título nobre era especialmente atraente para famílias ricas como os Vanderbilts.

Em novembro de 1895, o Duque se casou com Consuelo Vanderbilt em Nova York. The New York Times descreveu a cerimônia luxuosa como "a mais magnífica já celebrada neste país", com a presença da alta sociedade de todo o país, incluindo a Sra. Astor. No entanto, o casamento foi notoriamente infeliz e terminou em anulação em 1921.

Emily Warren Roebling
Emily Warren Roebling (interpretada por Liz Risan) foi uma mulher brilhante, mais conhecida por seu papel crucial na construção da Ponte do Brooklyn, então a maior ponte suspensa do mundo. Muitos na época a chamaram de "oitava maravilha do mundo". A construção dur