Aqui está a tradução do texto para português:
—
O designer Conner Ives, nascido nos EUA e baseado em Londres, encerrou seu desfile de outono 2025 na London Fashion Week no final de fevereiro usando uma camiseta com a frase “Protect the Dolls” (“Protejam as Bonecas”). Ao fazer sua reverência final, ele esticou a camiseta com as duas mãos, destacando a mensagem — um claro aceno a Alexander McQueen, que fez o mesmo em 2005 com uma camiseta que dizia “We Love You Kate”. Mas enquanto a declaração de McQueen era pessoal, a de Ives era política: uma declaração de amor e apoio às mulheres trans, frequentemente chamadas carinhosamente de “bonecas” na comunidade LGBTQ+.
O que começou como um momento no desfile logo se tornou um fenômeno viral. A camiseta — agora um item cobiçado — foi usada por pop stars, designers e atores, arrecadando dezenas de milhares de dólares para causas trans no processo.
### A Onda Viral
No Coachella, Troye Sivan subiu ao palco como convidado de Charli XCX usando a camiseta, com styling de Marc Forné (que a cortou e combinou com jeans 032c de cintura dupla e Dr. Martens). O visual pode muito bem ser o uniforme gay do verão — as vendas dispararam da noite para o dia, com mais de 200 camisetas vendidas entre a apresentação de Sivan e Ives acordando na manhã seguinte.
Uma semana antes, Pedro Pascal comemorou seu 50º aniversário ao lado da DJ e ícone da moda trans Honey Dijon, usando a camiseta (com styling de Julie Ragolia). Dias antes disso, o designer Haider Ackermann posou com Tilda Swinton usando a camiseta, presenteada por seu parceiro Justin Padgett, publicista de Ives.
“Não acredito que uma camiseta seja a coisa mais popular que já fiz!” brincou Ives depois que o PopBase compartilhou o vídeo de Pascal, com link para seu site. A maioria das marcas mataria por esse alcance orgânico.
### Por Que uma Camiseta?
Ives é conhecido por seus vestidos de festa luxuosos e designs upcycled — não por camisetas com slogans. Mas a peça se encaixa em sua estética. Crescendo usando as camisetas vintage dos anos 80 de seu pai, ele agora transforma peças de brechó em blusas e tops surreais.
Ele não criou “Protect the Dolls” esperando que virasse um hit — era apenas algo para usar no seu desfile. “Era véspera do show, e ainda tínhamos seis ou sete looks para finalizar,” ele lembra. “Não estávamos lá às 23h pensando: ‘E agora? Vamos fazer uma camiseta para o Conner!’“
### A Mensagem Por Trás
A ideia veio de uma mudança em sua perspectiva. “Sempre evitei misturar moda e política — talvez porque a moda pareça egoísta,” ele diz. “Achava que meu trabalho falava por si. Mas nos últimos seis meses, essa separação não fez mais sentido.”
Com o aumento de legislações anti-trans nos EUA, Ives pensava: “Diga com convicção.” E foi o que fez. Ele consultou a modelo trans Hunter Pifer para garantir que a mensagem fosse clara e impactante — não performática. “Queria que parecesse genuíno,” ele diz.
Agora, a camiseta ganhou vida própria, provando que, às vezes, as declarações mais simples fazem o maior barulho.
—
Ives é humilde e focado em servir a comunidade, não a si mesmo. (Na verdade, ele hesitou em dar esta entrevista, dizendo que “não é sobre [ele]”.)
Haider Ackermann aparece usando a camiseta ao lado de Tilda Swinton.
Cortesia de Justin Padgett
“Houve uma versão inicial que dizia We <3 the Dolls,” ele explicou. “E por mais verdadeiro que seja, as palavras têm tanto peso hoje — essa frase não capturava a essência.” Em vez disso, ele escolheu Protect the Dolls. O que a torna tão poderosa é o equilíbrio que Ives encontrou entre uma mensagem política clara e uma linguagem casual e familiar. “Bonecas” é um termo que nós — a indústria, pessoas LGBTQ+, as gerações mais jovens — realmente usamos. Ele estava falando diretamente com quem estava na sala, mas acabou fazendo uma declaração global.
Vender a camiseta e doar os lucros para caridade foi algo que Ives considerou durante o design, mas a ideia só tomou forma depois que ele viu a reação ao usá-la. Revistas postaram sobre ela nas redes sociais, e repórteres perguntaram sobre ela nos bastidores. Na manhã seguinte, ele abriu pré-vendas, usando apenas uma foto sua nos bastidores com a camiseta como única promoção no Instagram (e não postou mais nada desde então).
“A moda no século 21 tem que ser reativa, e você precisa encontrar um jeito de fazer isso,” ele diz. A camiseta original que ele usou nos bastidores foi feita de tecido deadstock, mas sua equipe rapidamente produziu novas versões. Todo o lucro das camisetas de US$ 99 (£75) vai para a Trans Lifeline, uma organização sem fins lucrativos liderada por pessoas trans nos EUA que conecta pessoas trans a apoio comunitário através de uma linha de crise entre pares. Ives inicialmente considerou outras organizações LGBTQ+, mas sentiu que “ir diretamente para pessoas trans com um grupo liderado por elas era a escolha mais clara.” Até domingo, 13 de abril, ele vendeu 1.088 camisetas. Após cobrir produção, envio e custos de logística, ele doou mais de US$ 70.000 — um número que continua crescendo a cada hora.
Alex Consani e Troye Sivan no Coachella
Foto: Troye Sivan no Instagram
“Quando penso nos desafios que as pessoas trans nos EUA enfrentam hoje, lembro do medo que eu tinha como um garoto gay branco de 12 anos em um subúrbio de classe média-alta de Nova York,” ele diz. “E isso não era nada comparado ao que uma garota trans no interior dos EUA deve sentir sob um governo que basicamente diz que ela não existe.”
De certa forma, a camiseta é o agradecimento de Ives às mulheres trans que o inspiram e “que realmente me deram meu início nesta indústria” — Hunter Pifer, Alex Consani e Colin Jones, entre outras. “Essas garotas são lendárias. Vê-las me emociona da mesma forma que ver supermodelos na passarela quando eu era criança nos anos 90,” ele diz. “Era uma fantasia que eu tinha desistido, honestamente, e credito à Alex por reacender essa chama quando ela desfilou pela primeira vez no nosso show.” Ives admite que estava perto de “desistir” depois de ficar desiludido com a indústria, mas Consani reviveu seus sonhos quando pisou em sua passarela. “Devo muito a essas garotas porque criar as roupas é uma coisa,” ele diz, “mas dar vida a elas é algo completamente diferente.”
—
Me avise se precisar de mais ajustes!