Aqui está a tradução do texto para português:

**11h: A Cabana de Boas-Vindas, a Sala de Brincar, Printemps, 1 Wall Street, Nova York**

Estou em pé em um quiosque circular sob uma toldo alegre — do tipo que você veria em uma sorveteria numa praia elegante no sul da França. Mas, na verdade, este é o balcão de atendimento ao cliente, ou “cabana de boas-vindas”, da nova loja flagship da Printemps nos EUA, no 1 Wall Street, em Manhattan. Já visitei essa loja recém-inaugurada duas vezes antes: primeiro para um tour durante a construção (com capacete de segurança) e depois para a festa de abertura, onde a fila de convidados animados se estendia por quarteirões na Broadway.

Desde então, o movimento não diminuiu muito — a Printemps se tornou uma verdadeira sensação em Nova York. Nesses tempos caóticos (e isso é dizer o mínimo), talvez a alegria simples e atemporal de explorar uma loja lindamente projetada seja a fuga que todos precisamos. Especialmente quando essa loja é obra da designer de interiores Laura Gonzalez, que a transformou em uma experiência sensorial deslumbrante — como o País das Maravilhas de Alice, mas com cabides de roupas, coquetéis e cafés. Isso me fez pensar: e se eu revivesse minha breve carreira no varejo (trabalhei na loja de departamentos Liberty, em Londres, nos anos 1990 — meu desempenho em vendas era… questionável) e fizesse um turno na Printemps para entender todo o hype?

Então, aqui estou, no quiosque, bem no meio de um pop-up da Jacquemus (embora, quando você ler isso, ele já tenha se transformado em um espaço especial para a colaboração Disney x Coperni, lançada em 16 de abril). Mary Collins, uma Consultora de Experiência do Cliente, é minha guia para este “dia de trabalho” — um turno de quatro horas, das 11h às 15h. Junto com seus colegas Claire, Davon e Rafael, ela está me ajudando a pegar o jeito. Este é o primeiro emprego importante de Mary em Nova York depois de estudar na Califórnia, e ela está adorando. Seu papel, explica ela, é “destacar o pó de fada espalhado por toda parte. Seja o que for que o cliente precise — fazer reservas, dar tours, ajudar a escolher sapatos, até servir uma taça de champanhe enquanto ele explora — eu estou lá”. Agora, Mary e eu estamos cumprimentando o fluxo constante de visitantes, mesmo nesta manhã de abril anormalmente fria: moradores locais, turistas, pais com carrinhos de bebê e até cachorros (sim, pets são bem-vindos).

**O que você vê ao entrar na Printemps Nova York:** A Sala de Brincar, com uma exposição imersiva de tênis.
**(Foto: © Gieves Anderson/Cortesia da Printemps)**

A ampla Sala de Brincar no térreo — feita de materiais reciclados, como Mary me conta — está “sempre mudando e evoluindo; nosso slogan é que não somos uma loja de departamentos”. É um tesouro de chapéus bucket da Marni, fileiras de barras de chocolate Le Chocolat de Français, bolsas Le City prateadas da Balenciaga, vestidos The Attico, livros sobre Saint-Tropez, baralhos inspirados no tarô Grimaud, bolsas listradas gigantes da própria linha da Printemps, Saison 1865 (um achado por US$ 65), e os híbridos de tênis e sapatilha da Acne Studios. (Uma seleção de marcas francesas é exclusiva da Printemps em Nova York — 25% em roupas, 50% em beleza.) Uma sala lateral é dedicada a uma experiência de “imersão” da Nike, com designs raros de tênis, enquanto à esquerda fica o Café Jalu, um dos cinco restaurantes e bares da Printemps.

Subindo a escada rolante para o segundo andar, está o Salão, onde estruturas gigantescas em forma de gaiola exibem roupas organizadas — fiel ao estilo da loja — por cor, clima e atitude, não por marca. Aqui, etiquetas como Lemaire, Maison Margiela, Jil Sander, Courrèges e uma marca de Hudson, NY, chamada The Falls (que eu nunca tinha ouvido falar, mas é fantástica, com peças reaproveitadas, reformuladas e bordadas) estão todas misturadas. Nas proximidades, uma parede exibe bolsas da Joseph Duclos, uma fabricante de malas fundada em 1754 para o rei Luís XV. (Você só pode comprá-las aqui ou na boutique Duclos em Paris.)

A loja em Paris está fechada — nem pense em procurar online.

A seção de moda masculina Garçonnière tem roupas descoladas, além de móveis curvados igualmente estilosos e lustres impressionantes.

**(Foto: © Gieves Anderson/Cortesia da Printemps)**

Em seguida, você passa pela área de moda masculina Garçonnière — iluminada por enormes lustres de vidro Murano — e pela seção de beleza, projetada como um corredor sinuoso de cerâmica Vallauris, antes de entrar no Boudoir. Como era de se esperar, o clima é noturno, com peças vintage da Dior e Saint Laurent, além de haute couture sob encomenda da Gaultier (prazo de 12 semanas) e marcas mais jovens e modernas como Vautrait, Oud e Magda Butrym. Por fim, você desce a escada de quartzo rosa (espero que não literalmente) para o departamento de sapatos na Sala Vermelha. Com o anexo Red Room Bar, você pode saborear uma margarita enquanto compra Manolo Blahniks até as 23h.

*O Boudoir, com peças vintage de Yves Saint Laurent, Vautrait e haute couture da Gaultier.
(Foto: © Gieves Anderson/Cortesia da Printemps)*

Logo, Mary e eu estamos refazendo nossos passos com as visitantes de primeira viagem Bonnie e Annette, que vieram direto da rua 95. Bonnie me diz que ainda prefere comprar pessoalmente. “Sei que os jovens compram online”, diz ela, “mas eu quero ver, tocar, experimentar — e não quero lidar com devoluções”. Ela aprova a localização. “Isso é Wall Street — tudo acontece aqui. Todos os jovens estão por perto, como meus netos.”

Enquanto subimos a escada rolante de volta ao Salão, Bonnie — elegante em seu casaco vintage preto de Jean Paul Gaultier (reconheci pela etiqueta discreta) — fica intrigada ao saber que a loja vende haute couture da Gaultier. “Comprar não é fácil na minha idade, mas isso parece um passeio, e estou gostando”, diz ela.

Bonnie está pensando em um casamento nas Bahamas que está por vir, embora já tenha um look planejado. “Preciso estar impecável — sou a vovó, tá bom?”, ela me diz. “Vou usar um chapéu grande de rosa repolho creme, calças plissadas largas, uma blusa vintage da Chanel e um colar de pérolas da Chanel. Comprei o colar na loja da Chanel em Paris. Íamos lá o tempo todo, mas agora? Nunca.” Ela suspira. “Mas Paris é onde meu coração está.”

**12h15: Café Jalu e Salon Vert**

Não consigo ouvir mais sobre o look de casamento de Bonnie porque o gerente assistente Francisco “Frank” Polanco chega para me guiar na próxima parte do meu dia: acompanhá-lo enquanto ele verifica os espaços de alimentação da loja, projetados para pausas rápidas ou refeições tranquilas. Embora ele e Serge, o barista-chefe do Café Jalu, considerem brevemente me deixar fazer um latte, a fila de clientes e minha óbvia confusão com a máquina de café sugerem que agora não é a hora. Em vez disso, Frank e eu vamos para o Salon Vert, o restaurante e raw bar — um dos cinco pontos de alimentação da loja, todos supervisionados pelo chef Gregory Gourdet.

*Salon Vert no segundo andar.
(Foto: © Gieves Anderson/Cortesia da Printemps)*

A influência haitiana de Gregory está por toda a Printemps, desde os pastéis de goiaba e suco rosa (morango, melancia, água de coco) do Café Jalu até o cardápio do Salon Vert, com pratos como remoulade de caranguejo peekytoe e sopa de batata-doce com banana-da-terra. Agora, ele está correndo para preparar a abertura do Maison Passarelle, um restaurante completo com entrada própria pela Broadway, que será inaugurado em 17 de abril.

“O cardápio não é enorme, mas é conciso”, diz Frank sobre o Salon Vert. “Temos hamachi com molho de leite de coco defumado, beterrabas defumadas…”

**Continuação do texto traduzido:**

Em todo o nosso cardápio, celebramos como o churrasco tem suas raízes no Caribe.

Mas, como todos os grandes lugares, há também um toque de teatro aqui. “Nossos serviços de hospitalidade são como um palco”, diz Frank. “As pessoas vêm aqui e veem a comida, as bebidas, o serviço e os espaços como arte — uma extensão da arte. Mas é uma arte física que toca a alma e faz você querer ficar por horas.” Infelizmente, nem seis minutos eu tenho para ficar — estou indo para o meu próximo turno.

**13h: O Segundo Andar**

Uma das minhas cenas favoritas de filme é de *Uma Secretária de Futuro* (1988), onde a chefe manipuladora de Tess McGill ordena que ela “dê mais uma volta” com um carrinho de dim sum fumegante em um coquetel. Agora, aqui estou eu: “Só mais uma volta com o carrinho de champanhe, Mark!”

Todos os dias, Ren Jade Neuman, diretora de vinhos da Printemps, faz com que sua equipe carregue os dois carrinhos dourados da loja com seis garrafas cada no bar de champanhe no estilo rococó. A seleção de hoje vai desde Pierre Moncuit Delos até Ruinart Rosé. A ideia? Você pode comprar uma taça e saborear enquanto faz compras — ou simplesmente passeia.

Ren me explica as opções. “O Krug, exuberante e opulento — deve parecer um edredom sendo sacudido e colocado na sua língua.” Mais tarde, ela acrescenta: “O Jo Landron Atmosphères é feito usando o método tradicional de champanhe — mas no Vale do Loire.” (Ela também observa: “O Jo tem um bigode incrível — ele se estende até aqui!” Ela gesticula cerca de três polegadas para cada lado da boca.)

Agora, Ren e eu estamos percorrendo o piso de vendas — ela está guiando, eu estou empurrando (e rezando silenciosamente para não bater em uma vitrine de beleza). Vemos um casal por perto que pode querer bolhas, então nos aproximamos.

Conhecemos Elaine, que está visitando de Florida com seu noivo, Ron. Elaine quer champanhe, mas Ron não está interessado. “Eu gostaria de um bourbon”, ele diz. Ren se oferece para pegar um para ele no bar do Salon Vert.

Enquanto isso, Elaine compartilha suas primeiras impressões sobre a loja — como Bonnie e Annette antes, é sua primeira visita. “Estou arrepiada, sinceramente”, diz ela. “Eu costumava desenhar moda masculina, então aprecio cada detalhe. É magnífico — te transporta. Vi a Printemps no Instagram e disse ao Ron, meu noivo eterno: ‘Temos que ir — isso é uma experiência’. Nesta fase da vida, só me importo com experiências.”

Elaine também está de olho em uma clutch fofa de marfim da Maison Margiela trazida pelo consultor sênior Kelvin Matoral. Ela está tentada? “Sim”, diz ela. “E adoro que estou vendo coisas aqui que não encontro em todo lugar. Algumas marcas são novas para mim, mas isso é emocionante. Não é maravilhoso descobrir novos designers? É uma nova voz, uma nova geração.”

No segundo andar, vitrines esculturais em forma de gaiola exibem a moda feminina no Salão.

**13h30: O Salão**

No piso de vendas, o tempo se distorce — voa e arrasta ao mesmo tempo. O segredo? Paciência é tudo em um bom atendimento, e Kelvin é a personificação da paciência. “Eu cumprimento todos, me apresento — quero que as pessoas se sintam vistas”, diz ele. “Mas também dou espaço.”

Kelvin, que entrou na Printemps depois de anos na Barneys, Gucci e Tiffany, orienta os clientes pela moda. “Estou feliz por estar aqui — é um sopro de ar fresco”, diz ele. “Nova York precisava disso desde o fechamento da Barneys.”

Quando se trata dos mais vendidos, ele rapidamente aponta The Falls como um caso de sucesso da Printemps. “Os designers vasculham o mundo em busca de peças vintage e personalizam com bordados ou costuras à mão”, explica. “Cada peça é única — e quem não ama algo exclusivo?” Mas não é só isso que está voando das prateleiras. Quando a Printemps abriu, ofereceu peças vintage da Hermès: duas Birkins e três Kellys. “Essas eram minhas favoritas”, admite Kelvin. Quando pergunto se venderam, ele sorri: “Sim — na primeira semana.”

**14h: A Sala Vermelha**
Já quebrei uma regra fundamental em 15 minutos: nunca tire sapatos de exposição do piso de vendas. Em retrospecto, isso parece óbvio — se estou segurando a única sandália Rene Caovilla com tiras envolventes e rubis, como alguém mais pode admirar ou comprá-la? “Então você memoriza todos os sapatos que um cliente quer experimentar, mesmo que ele peça, digamos, oito estilos diferentes?”, pergunto a Penelope Amoroso (conhecida como Poppy), a santa vendedora encarregada de me treinar. Como todos os funcionários da Printemps, ela normalmente ajuda os clientes em toda a loja. “Eu lembro de cada par que ela quer”, Poppy confirma com uma risada.

A outra regra de ouro do departamento de sapatos? Velocidade. Você não pode arriscar os clientes perderem o interesse enquanto você está no andar de cima procurando, digamos, uma sandália Marni tamanho 42. Enquanto me preocupo com meus joelhos rangendo e minha coordenação desastrosa com várias caixas de sapatos, Poppy menciona que caminha cerca de sete milhas por dia pelos pisos de vendas — de repente, minhas reclamações parecem triviais.

A Sala Vermelha em si é de tirar o fôlego — uma obra-prima Art Déco preservada, com tetos de 33 pés e paredes adornadas com incontáveis mosaicos alemães em tons ricos de vermelho e dourado. Originalmente projetada em 1931 pela artista Hildreth Meière (que também trabalhou no Radio City Music Hall) para o Irving Trust Bank, o espaço era tão mal iluminado naquela época que os funcionários nunca perceberam suas cores vibrantes.

“Misturamos marcas aqui, como em toda a loja”, explica Poppy. “Isso surpreende as pessoas no início, mas depois elas adoram descobrir tudo.” Os produtos da Sala Vermelha — de Amina Muaddi a Balenciaga — são organizados por cor, estilo e, sim, brilho. (Designs vermelhos especiais de várias marcas celebram a abertura da Printemps.)

Quando perguntada sobre as tendências atuais — especialmente se os saltos estão ultrapassados —, Poppy observa: “Está dividido. Algumas mulheres declaram ‘Não consigo mais usar salto!’ e saem com tênis de grife, enquanto outras se recusam a abrir mão dos seus.” E o que está em alta? Os Tabis da Maison Margiela em todas as variações (“As clientes dizem ‘Preciso dos meus Tabis!’ — estão super em alta”), Marni, a emergente marca italiana Paris Texas (cujo mule Lidia vende mais que suas botas stiletto cult) e os designs de Alessandro Michele para a Valentino — como os pumps com laço branco que uma cliente recentemente adicionou à sua coleção.