Em Bonjour Tristesse, a estreia na direção da escritora Durga Chew-Bose, baseada no romance de 1954 de Françoise Sagan, conhecemos Cécile (Lily McInerny), uma adolescente temperamental que está de férias no sul da França com seu pai, Raymond (Claes Bang), e sua amante mais jovem, Elsa (Nailia Harzoune). Seus dias são passados fumando, dançando e beijando Cyril (Aliocha Schneider), o garoto da casa ao lado — até que Anne (Chloë Sevigny), uma estilista e antiga amiga de Raymond e da falecida mãe de Cécile, chega, ameaçando perturbar seu paraíso despreocupado.

O filme é silencioso e atmosférico, onde as cores do oceano, o som do vento e olhares prolongados têm tanto peso quanto os diálogos. A moda também desempenha um papel fundamental. Chew-Bose trouxe a figurinista Miyako Bellizzi, conhecida por Uncut Gems, que é especialista em criar personagens que parecem reais, não importa quão fantásticas sejam suas jornadas. Bellizzi colaborou com Cynthia Merhej, a designer por trás da marca cult Renaissance Renaissance e semifinalista do prêmio LVMH deste ano. O trabalho de Merhej combina cortes precisos com formas e texturas lúdicas, criando uma estética sensual e excêntrica. Seus designs são centrais para o filme, incorporando as criações de Anne e adicionando outra camada ao seu personagem complexo.

Antes do lançamento do filme em 2 de maio, conversei com Bellizzi e Merhej sobre construir personagens com apenas uma mala de mão, encontrar o tom perfeito de amarelo manteiga e como seu trabalho molda seus estilos pessoais.

Cécile usa este maiô amarelo gema de ovo e branco ao longo do filme.
Foto: Cortesia da Greenwich Entertainment

Como vocês se envolveram no projeto?

Miyako Bellizzi: Durga entrou em contato comigo cerca de um ano antes das filmagens — conversamos sobre isso por muito tempo. Ela me apresentou à Cynthia. Antes mesmo de termos um elenco, antes de Chloë estar confirmada, Cynthia e eu já estávamos discutindo ideias.

Cynthia Merhej: Quando li o roteiro e o personagem de Anne pela primeira vez, senti uma forte conexão com ela. Entendi por que Durga pensou em mim para isso.

MB: Cynthia, você é muito parecida com Anne na vida real. Nós três nos inspiramos no filme original dos anos 1950, mas buscamos criar personagens atemporais. Então Chloë foi escalada, e de repente tudo mudou.

CM: Tudo ficou mais refinado.

Sevigny como Anne em um marcante traje de praia.
Foto: Cortesia da Greenwich Entertainment

MB: Não era apenas sobre o personagem de Anne — era sobre o que ela levaria para as férias, o que é diferente do seu guarda-roupa cotidiano. Chloë estava muito envolvida, perguntando: "Se você só tem uma mala de mão, qual camisa você leva? Se tem uma saia, qual é?" Pensamos em como as peças poderiam se misturar, mesmo que não combinassem perfeitamente — porque é isso que se faz nas férias.

CM: Nos concentramos em peças pequenas e versáteis: saias, um roupão de praia, blusas e calças. Miyako as combinou para destacar a personalidade de Anne. Para Cécile, foi mais simples — Miyako a imaginou em roupas fáceis e repetíveis, como maiôs e camisetas, com apenas um vestido.

MB: Cécile não se importa muito com roupas, então ela usa as mesmas coisas repetidamente. Este foi meu primeiro filme com tantas protagonistas femininas, o que o tornou muito interessante. As pessoas me conhecem por estilizar homens, então foi incrível estilizar três mulheres completamente diferentes em um cenário de verão — Cécile, Elsa e Anne, os personagens centrais de Bonjour Tristesse.

Sim, adoro que Cécile usa o mesmo maiô na maior parte do filme. Miyako, você tem um talento para estilizar personagens que parecem reais. Mas Cécile também tem aquele momento especial quando Anne lhe dá um vestido — quase como um vestido de amadurecimento.

CM: O famoso vestido amarelo! Alguém recentemente me mandou uma mensagem dizendo que queria aquele vestido para o baile de formatura. Miyako tinha uma visão muito específica para o tom. Há uma cena em que Cécile cai, e você vê um vislumbre sob a saia — um flash de rosa que é secreto, um pouco sedutor, mas ainda inocente, o que reflete seu personagem.

MB: Originalmente, o vestido era preto. No roteiro, há uma cena noturna em que Cécile vê Raymond e Anne no carro. Pensei: Como garantir que o vestido se destaque sob a luz do luar — ou da geladeira? Testamos tecidos diferentes. Tive sorte em trabalhar com lendas como Darius Khondji, um dos melhores diretores de fotografia, que me ensinou muito. Em Uncut Gems, fazíamos testes de iluminação em seu caminhão com os figurinos. Agora, quando leio um roteiro, penso: O que Darius faria?

Como é o seu processo criativo?

MB: Cada filme é diferente. Este foi único porque é contemporâneo, mas baseado em um filme vintage. Eu queria que parecesse atemporal. Durga e eu trocamos imagens, perguntando: O que você usaria em férias de verão? Como os estilos de verão europeus mudaram — ou permaneceram os mesmos — em 70 anos?

CM: Trabalho de forma semelhante, usando esboços, fotos, colagens — o que funcionar. As ideias vêm rápido, então eu as anoto. Dependendo do tempo, refino os desenhos ou começo a drapear e criar peças imediatamente.

No filme, há uma cena em que Anne está desenhando — são seus desenhos?

CM: Foi um processo estranho. Fiquei em dúvida — devia desenhar como Anne ou como eu mesma? Meus esboços são rústicos e imperfeitos, mas não achei que Anne desenharia assim, então tentei ser mais precisa.

Trabalhar em um projeto como este influencia seu estilo pessoal?

MB: Com certeza. Você se imerge nele. Além disso, filmar no sul da França foi como viver uma fantasia — você se veste diferente quando está em outro lugar. Voltar para Nova York foi um reset — Tudo bem, de volta aos meus tênis.

CM: Concordo. Você absorve o mundo que está criando.

(Esta conversa foi editada e condensada.)