**Escolher a cor da tinta pode parecer uma tarefa assustadora** — com inúmeros tons de branco só para começar, por onde você sequer inicia? As cores falam muito: podem energizar, evocar emoções, criar aconchego ou até transmitir uma vibe descontraída. No design de interiores, a tinta não é apenas um pano de fundo — ela define o clima, faz uma declaração ou se torna o seu toque pessoal. Para ajudar, conversamos com Joa Studholme, curadora de cores da Farrow & Ball e a mente criativa por trás de tons icônicos como **Dead Salmon**, para obter seu guia definitivo na escolha da tinta perfeita.
A boa notícia? *”Não há regras rígidas na decoração”*, diz Studholme. *”Todos temos gostos diferentes, vivemos sob luzes distintas e amamos cores diferentes — graças a Deus, ou o mundo seria sem graça!”* Ainda assim, ela recomenda considerar três fatores: a arquitetura do cômodo, a luz que ele recebe e o seu estilo pessoal.
Abaixo, respondemos às suas principais dúvidas sobre tinta.
### **Como escolher uma paleta de cores para a sua casa**
Cada cômodo é único, então a escolha da cor deve considerar a função do espaço, a arquitetura e onde a cor será aplicada. A maioria das pessoas busca uma transição harmoniosa. *”A fluidez cria um ambiente tranquilo e integrado, onde você passa de um cômodo a outro sem contrastes bruscos”*, explica Studholme. Isso funciona tanto para quem prefere tons neutros minimalistas quanto para quem adora cores vibrantes e ousadas.
A abordagem mais fácil? Use uma família de neutros ou variações da mesma cor — como **Pigeon**, **Blue Gray**, **Muzzle** e **Cromarty** da Farrow & Ball. Isso cria harmonia, mas Studholme ressalta: *”Use tons mais escuros em ambientes pouco iluminados e mais claros em espaços ensolarados.”* Para cores ousadas, planeje andar por andar, considerando quais cômodos são visíveis de um mesmo ponto. *”Se as cores tiverem a mesma intensidade, vão se complementar”*, diz ela. *”E uma única cor para rodapés ou tetos em toda a casa une tudo com elegância.”*
### **Escuro vs. Claro: Quando usar cada um**
*”As pessoas costumam optar por cores claras em cômodos pequenos e escuros, mas isso pode parecer sem vida e pouco convidativo”*, alerta Studholme. Um tom intenso e dramático pode surpreender, mas adiciona profundidade e personalidade — muito mais interessante do que tentar clarear o espaço com branco. Por outro lado, cômodos amplos e arejados brilham com tons claros, enquanto detalhes escuros em espaços adjacentes criam um toque intrigante.
### **Cores calmantes vs. Cores de impacto**
Cores calmantes tendem a ser quentes — *”como um abraço”*, diz Studholme. Rosas suaves como **Scallop** e **Setting Plaster** criam refúgios serenos, assim como azuis (**Cromarty**) e verdes (**Eddy**) inspirados na natureza. *”Elas literalmente fazem seus ombros relaxarem”*, acrescenta. Para declarações ousadas, ela adora tons ricos e sutis como **Duster** e **Marmelo**: *”Terrosos e poderosos sem serem berrantes — perfeitos para as casas de 2025.”*
### **Como a cor influencia o humor**
Agora que passamos mais tempo em casa, é inteligente usar tons claros em espaços diurnos e mais escuros em áreas noturnas. Studholme explica: *”Celebramos a luz natural e diferenciamos o horário de trabalho do momento de relaxar à noite. Naturalmente, nos sentimos mais energizados em ambientes claros e iluminados e mais aconchegados em espaços íntimos e escuros.”*
### **Luz natural, luz artificial e tudo mais**
Para entender como a luz natural afeta um espaço, Studholme sugere uma abordagem simples: *”Basta ficar no cômodo em diferentes horários do dia e observar como a luz incide nas paredes.”* Anote onde a luz do sol bate e em que horário, depois revisite o espaço algumas vezes para confirmar se a iluminação permanece consistente.
A iluminação artificial — incandescente, LED e fluorescente — pode alterar drasticamente a aparência das cores devido às diferentes temperaturas de cor. *”Luzes quentes (como incandescentes) intensificam tons quentes e suavizam os frios, enquanto luzes frias (como fluorescentes) diminuem o impacto de cores quentes e destacam tons frios. É o mesmo princípio de como as cores se comportam em cômodos voltados para o sul, ensolarados, versus a luz mais plana de ambientes voltados para o norte”*, explica Studholme.
A temperatura também influencia — mas não a medida em Celsius ou Fahrenheit. A temperatura de cor da luz, medida em Kelvin, determina se ela parece quente (amarelada, Kelvin baixo) ou fria (branco-azulada, Kelvin alto). Luzes quentes intensificam vermelhos, laranjas e amarelos, enquanto luzes frias destacam azuis e verdes.
### **Como testar cores de tinta**
A percepção de cor é complexa, influenciada pelas cores ao redor e pelas condições de luz. *”Nada supera ver as cores no espaço real”*, diz Studholme. Uma cor muda de aparência ao longo do dia e das estações. *”A forma como uma cor de parede muda quando uma nuvem passa ou com as estações é o que dá vida à tinta. Essa qualidade dinâmica adiciona profundidade e atmosfera a um cômodo.”*
Algumas dicas práticas? Evite pintar amostras diretamente na parede — *”é distrativo e difícil de remover”*, aconselha Studholme. Em vez disso, aplique duas demãos em folhas grandes de papel ou cartão, posicione-as em lugares diferentes e observe como a cor varia em vários momentos. *”Você vai se surpreender”*, diz ela. Para espaços noturnos, veja as cores com as cortinas fechadas — até à luz de velas. E sempre compare as cores das paredes e dos rodapés nas proporções certas, pois isso afeta como ambos os tons são percebidos.
### **Proporções do cômodo e seleção de cores**
A cor pode alterar visualmente as dimensões de um ambiente, fazendo-o parecer maior ou menor. Tons claros funcionam bem em cômodos grandes, maximizando o espaço sem sobrecarregá-lo. *”Padrões ousados ou cores fortes em excesso podem parecer opressores e até neutralizar a luz natural”*, observa Studholme. Tons escuros, por outro lado, aumentam o aconchego em espaços pequenos.
Para ampliar visualmente um cômodo pequeno, considere cores ousadas — elas desfocam limites, dando a impressão de maior espaço. Limitar o número de cores usadas também ajuda. Por outro lado, se quiser que um ambiente pareça menor, use uma cor de rodapé contrastante (mais clara ou escura que as paredes) para definir o espaço.
Um último aviso de Studholme: cuidado com paredes de destaque. Cores fortes podem alterar drasticamente as proporções de um cômodo. Pintar as duas paredes mais longas com um tom intenso fará com que pareçam mais próximas, criando uma sensação de estreiteza. Da mesma forma, usar uma cor escura em uma ou ambas as extremidades de um corredor estreito e longo encurtará visualmente o espaço, tornando-o mais quadrado.
### **Erros comuns com cores e como evitá-los**
*”Testar amostras é absolutamente essencial — nunca pule essa etapa”*, enfatiza Studholme. Outro erro comum é escolher automaticamente branco para tetos e rodapés, já que a cor certa do rodapé pode melhorar ou arruinar um esquema de cores. Mais importante ainda, Studholme aconselha: *”Siga seu coração, não as tendências. É um grande erro escolher cores que você não ama. Na minha opinião, combinações que ‘não combinam’ são apenas uma questão de gosto pessoal.”*
**Foto: James Merrell**