Ontem à noite, como parte da série de eventos que antecedem o Met Gala 2025, o Metropolitan Museum of Art realizou um painel intimista que antecipou a próxima exposição, Superfine: Tailoring Black Style. O evento aconteceu no Billie Holiday Theatre, em Bed-Stuy, e foi mediado pela estudiosa de cultura Monica L. Miller, autora de Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasporic Identity — uma das principais inspirações da exposição.

Os convidados foram recebidos pela mostra em cartaz no teatro, We Love You Black Woman, onde puderam apreciar as obras e saborear drinks antes do início do evento pago. Quando as portas se abriram, os presentes acomodaram-se no espaço aconchegante e com luz suave, conversando em voz baixa. Fiel à reputação estilosa de Bed-Stuy, os convidados de todas as idades chegaram vestidos para impressionar.

A noite começou com as palavras de abertura de Max Hollein, diretor e CEO do Met, seguido por uma introdução de Miller, curadora convidada da exposição, que estreia no próximo mês.

“Queremos que vocês não apenas vejam o que está reservado para esta exposição, mas também entendam que a comunidade está no centro da nossa missão”, disse Hollein. “É uma honra trazer esta conversa para o Brooklyn, onde a arte e a cultura florescem.”

Miller iniciou a discussão com uma apresentação de slides que antecipou algumas das obras de arte, roupas e joias que serão exibidas. Essas peças destacaram temas como propriedade, distinção, disfarce, liberdade e herança — centrais para a exposição. Entre os designers apresentados estavam L’Enchanteur, Who Decides War, Ib Kamara, Agbobly e um caftan que pertenceu ao falecido editor da Vogue André Leon Talley.

Em seguida, os convidados especiais da noite subiram ao palco para discutir o empreendedorismo criativo negro: Soull e Dynasty Ogun, da L’Enchanteur, e Tela D’amore e Ev Bravado, da Who Decides War.

Os participantes abordaram temas como a percepção do streetwear, a sustentabilidade por meio da comunidade e como o termo “empreendedor” se aplica ao trabalho deles. Eles também compartilharam histórias pessoais sobre suas primeiras inspirações.

“Dynasty e eu somos de Flatbush”, disse Soull. “Nossa casa já era um caldeirão cultural — nossa mãe é de Dominica, nosso pai da Nigéria, e somos primeira geração. Lá fora, representávamos o Brooklyn, mas dentro de casa, era tudo influência caribenha e africana — música, comida, como nossos pais nos vestiam.”

Bravado acrescentou: “Minha avó tinha uma igreja perto da Bedford Avenue. Como muitas famílias negras e caribenhas sabem, as manhãs de domingo eram quando você se vestia melhor. Meu pai, alfaiate de Barbados, e minha mãe, de São Vicente, transformavam o momento de se arrumar em um evento.”

D’amore falou sobre sustentabilidade e comunidade: “Ser intencional com o que você cria é algo que você deve à sua comunidade. Quando você coloca seu coração nisso, ele volta para você multiplicado. Grande parte do nosso sucesso vem da construção de um mundo e do cultivo dessa conexão.”

“Nossa comunidade também deve ter acesso a esse mundo.”

—Dynasty Ogun
Foto: Argenis Apolinario

Quando perguntada sobre o que os visitantes devem levar da exposição, Miller respondeu: “Tantas coisas. Espero que tenhamos criado diferentes pontos de entrada para as pessoas — através dos temas — para que reconheçam coisas que lhes pareçam familiares, seja de 200 anos atrás ou do presente. Quero que vejam como a roupa nos permite expressar quem somos, reinventar a nós mesmos e honrar nossas identidades ou heranças. Mas também espero que alguns visitantes encontrem algo profundamente pessoal — talvez uma peça que lembre seu tio, pai, mãe ou alguém especial. Há o suficiente nesta exposição para conectar as pessoas dessa forma íntima. Então, espero muitas portas de entrada — e talvez até um toque de alma.”

—Tela D’amore e Ev Bravado
Foto: Argenis Apolinario