Numa tarde fresca e nublada de segunda-feira em Milão, os editores receberam um convite misterioso para o Palazzo Belgioioso, uma joia arquitetônica do século XVIII no coração do distrito da moda da cidade. A entrada discreta era marcada apenas por uma mulher vestida inteiramente de preto, segurando um iPad. Lá dentro, os convidados foram conduzidos por um pátio até uma série de salas simples e brancas. Enquanto garçons serviam bandejas de kumquats, aspargos e parmesão, acompanhados de taças delicadas de prosecco, o propósito do evento ficou claro: The Row estava lançando sua primeira coleção de artigos para o lar.

Na primeira sala, um impressionante cabide escultural — desenhado sob medida por Julian Schnabel — ocupava o centro, enfeitado com um cobertor disposto artisticamente. Mas aquilo não era um cobertor comum. Tecido à mão na Índia com a mais fina caxemira, ele era feito com pelos das barrigas de cabras do Vale de Caxemira, exibindo o tecido em sua forma mais pura. (Essa caxemira específica, conhecida como “baby cashmere”, vem de cabras com menos de um ano de idade e mede menos de 14,5 mícrons — mais leve e delicada do que a maioria das ofertas de luxo.)

Ao passar para um segundo espaço, com afrescos desbotados no teto, uma luz suave iluminava uma cama de tatame elevada no centro, ladeada por cadeiras vintage de ferro forjado da Maison Baguès. Próximo dali, um arranjo floral no estilo ikebana estava posicionado em frente a uma pilha de roupas de cama, convidando os editores a sentir as texturas sumptuosas. Os lençóis e edredons — todos 100% caxemira — eram acolchoados à mão com pequenos quadrados e tingidos de um preto profundo e hipnótico, reminiscente do Vantablack de Anish Kapoor. Diferente de outras marcas que estampam logos por toda parte, a abordagem de The Row era caracteristicamente discreta: a única identificação era um monograma sutil bordado nos cantos.

Os rumores sobre a linha de artigos para o lar de The Row circulavam há meses. (Uma assessoria confirmou que o projeto estava em desenvolvimento há anos.) Como sempre, o perfeccionismo das designers Mary-Kate e Ashley Olsen teve um papel — inúmeras iterações de tecidos foram testadas até alcançar a maciez, o peso e o caimento ideais. A decisão de estrear na Milan Design Week, de forma discreta e deliberada, refletia as origens da marca: em 2006, elas lançaram com apenas sete peças minimalistas após anos refinando a camiseta perfeita. Agora, estão aplicando a mesma filosofia a itens essenciais para o lar antes de se expandirem ainda mais.

O timing não poderia ser melhor. Com marcas de moda se aglomerando na Milan Design Week, a demanda por interiores de luxo não mostra sinais de desaceleração. The Row, recém-avaliada em US$ 1 bilhão e com investimento das famílias por trás da Chanel e da LVMH, já tem uma estética totalmente consolidada — suas lojas contam com designs vintage de Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, tornando fácil imaginar as casas de sua clientela. Esse lançamento parece um próximo passo natural. No final do ano passado, a L’Oréal — e em 2026, as Olsen celebrarão 20 anos de carreira.

Foto: François Halard

Que maneira melhor de marcar o marco do que lançar artigos para o lar? Os designs são inconfundivelmente The Row — seja na paleta contida de marfim, preto e vison (ouvi sussurros de que um tom de off-white foi descartado por ser ousado demais) ou no luxo sem concessões das peças.

É verdade que a maioria de nós não está no mercado para lençóis de caxemira — eu, por exemplo, fico feliz com meu sono tranquilo sem me preocupar em babar em uma fronha que provavelmente custa mais que meu aluguel. Mas, para a clientela devotada da marca, a ideia de expandir mais uma vez o universo The Row certamente traz uma emoção aconchegante, envolta em caxemira.

E, caso você esteja se perguntando — o parmesão estava rico, cremoso e absolutamente delicioso.