Talvez seja por causa da estreia iminente da 3ª temporada de And Just Like That, ou talvez seja a onda de nostalgia que estamos vivendo, mas o meu feed do TikTok nunca esteve tão obcecado com Carrie Bradshaw. Edições de fãs estão por toda parte, sua voz ecoa constantemente no meu celular e fica martelando na minha cabeça. Essa colunista da Vogue neurótica e egocêntrica—que não resiste a homens emocionalmente indisponíveis e sempre puxa o assunto para si—de alguma forma se tornou a mais nova “It girl” da Geração Z.

“Ela é tão real por isso”, comentou alguém em um vídeo de Carrie declarando dramaticamente: “Estamos tão acabados… precisamos de uma nova palavra para ‘acabado’.”

Mas amar a Carrie nem sempre foi a norma. Quando Sex and the City estreou em 1998, a série foi aclamada por sua abordagem afiada sobre relacionamentos e dinâmicas de gênero, além do roteiro inteligente. Porém, conforme a série avançou, as extravagâncias de Carrie começaram a cansar. “Por anos, foi uma aventura adorável e reassistível”, escreveu Hannah Verdier, do The Guardian. “Isso durou até Carrie começar a irritar. Mesmo com as temporadas posteriores tendo muito a oferecer, os espectadores não conseguiam evitar a pergunta: será que Bradshaw era simplesmente irritante demais para a TV?”

Eu era muito nova para acompanhar a exibição original, mas lembro da minha mãe e de suas amigas da Geração X revirando os olhos para Carrie. Ela não era tão ousada quanto Samantha, tão perspicaz quanto Miranda ou tão doce quanto Charlotte. Apesar de ser colunista de sexo, era estranhamente recatada, frequentemente crítica e obcecada com seu próprio drama. Por um tempo, odiar Carrie era quase um passatempo—até existe um blog chamado Carrie Bradshaw Is the Worst dedicado a dissecar seus defeitos.

Mas a Geração Z parece não se importar com suas imperfeições. Na verdade, eles a amam por causa delas. “Quem critica a Carrie simplesmente não a entende”, argumentou uma fã em um vídeo editado, enquanto outra acrescentou: “Muita gente não vai entender esse tipo de liberdade.” Outros se identificam com sua energia caótica, com comentários como “Ninguém a entende como eu” em clipes de Carrie fumando compulsivamente. Seu renascimento lembra a reavaliação que o público fez de Hannah Horvath, de Girls—embora Carrie, vamos combinar, seja muito mais estilosa.

Gerações mais velhas foram ensinadas a ser a “garota descolada”—despreocupada, tranquila, nunca “exagerada”. Mas a Geração Z abraça a bagunça. Eles idolatram artistas como Olivia Rodrigo, Lana Del Rey e Gracie Abrams—mulheres que exibem suas mágoas e neuroses sem pudor. Então faz sentido que adorem Carrie, defeitos e tudo. Além disso, com seu guarda-roupa icônico dos anos 90 e 2000, ela é a musa fashion definitiva. Estilosa e desequilibrada? Não é à toa que jovens de 21 anos acham ela uma lenda.

Até Sarah Jessica Parker sempre defendeu Carrie, assim como seus novos fãs. “Suas amizades eram complicadas, e ela falhava—assim como todos nós”, ela disse certa vez. Talvez esse seja o verdadeiro apelo: Carrie não é perfeita, e é exatamente por isso que ela é tão identificável hoje. No 20º aniversário da série, ela disse à HBO: “Você falha no amor, decepciona seus amigos e a si mesma. Nunca evitamos os defeitos da Carrie—eles eram mostrados com frequência e honestidade. Alguns a criticaram por isso, mas eu sempre me orgulhei de contar essas histórias, porque era isso que a tornava real. É por isso que as pessoas se conectaram com ela.”