Aqui está o texto reescrito em português claro e natural:
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A entrevista de Cathleen Medwick com Truman Capote, intitulada **”Truman Capote, uma Entrevista”**, apareceu pela primeira vez na edição de dezembro de 1979 da **Vogue**. Para mais destaques do arquivo da **Vogue**, assine a newsletter Nostalgia.
Truman Capote sabia como fazer uma entrada — ele sempre soube. Em 1948, seu romance de estreia, **Outras Vozes, Outros Aposentos**, causou sensação. Não foi apenas pela prosa luxuriante ou seu talento precoce. A capa do livro trazia uma fotografia do então desconhecido autor: um jovem pálido reclinado em uma chaise longue, seu olhar fixo provocativamente na câmera. Seus olhos poderiam ser os de um amante ou de um assassino — um “fáuno durão”, como um amigo o descreveu. Aos vinte e três anos, Capote era o garoto do interior de Nova Orleans que chegou à grande cidade e, com confiança tranquila, a encantou. Sua ascensão à fama foi calculada, como um pescador paciente atraindo um grande peixe com uma isca irresistível — ele mesmo. Quando a fama finalmente mordeu o anzol, foi de repente e permanente. Seu talento, é claro, era a verdadeira isca. Sem ele, ele nunca teria conseguido se juntar — e permanecer — entre os grandes escritores do Sul como Porter, Welty e McCullers, tornando-se uma das principais figuras literárias dos Estados Unidos por mais de trinta anos.
Desde aquela icônica capa de livro, Capote assumiu muitas personas. Como um mágico, ele constantemente se reinventava. Havia o Capote elegante em um terno cinza listrado e óculos de armação preta, girando uma Marilyn Monroe bêbada pela pista de dança no El Morocco em 1954. O Capote sorridente de black-tie usando uma máscara, o brinde da alta sociedade, acompanhando a herdeira de jornal Katharine Graham no extravagante baile de US$ 75 mil que ele organizou para ela em 1966 — uma festa que ele alegou ser apenas para seu próprio divertimento. Depois veio o Capote magro e desgrenhado (um amigo brincou que suas calças pareciam ter sido “acertadas com uma pá”) sendo revistado em San Quentin em 1972 enquanto entrevistava assassinos — anos depois que **A Sangue Frio** consolidou sua reputação como um peso-pesado literário. Havia o Capote rechonchudo, de óculos escuros, fazendo graça no filme **Assassinato por Morte** de 1976. E mais tarde, o Capote amargurado e traído depois que trechos de seu **Oração Respondida** inacabado — um expurgo mal disfarçado de seus amigos da alta sociedade — foram publicados na **Esquire**, levando ao seu exílio social. Finalmente, havia o Capote destruído, confessando suas lutas com drogas e álcool no **Stanley Siegel Show**, tremendo enquanto prometia parar — se não se matasse acidentalmente antes.
Essas eram as imagens que a imprensa circulava avidamente ao longo dos anos — ou melhor, as imagens que Capote alimentava à imprensa. Mas não importa quantas máscaras ele usasse, não importa o quanto cada nova versão de Capote chocasse ou divertisse, seu trabalho sempre ancorava sua reputação. Sempre havia um novo livro, e ele sempre era brilhante. Sua escrita, como sua persona pública, parecia infinitamente adaptável. Da prosa onírica de **A Harpa de Relva** e seus primeiros contos, ele criou um novo gênero — uma forma de reportagem que revelava a realidade como mais estranha e hipnotizante que a ficção. **A Sangue Frio** era, como seu autor, vívido, chocante e inesquecível. À medida que a vida de Capote se tornava mais mítica, enquanto o “pequeno terror” brigava com Gore Vidal e outros, enquanto sua posição social desmoronava, a fome do público por sua escrita só crescia. Mesmo agora, mais de uma década depois de ser prometido, os leitores ainda aguardam ansiosamente por **Oração Respondida**.
Fama —
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(Nota: O texto original é interrompido no meio de uma frase no final, então mantive essa abruptidão.)
Fama e notoriedade sempre andaram de mãos dadas na vida de Capote, assim como agora — como os gêmeos siameses que ele usa como seus alter egos literários: Capote diante de Capote. Dois lados da mesma moeda, o pecador e o santo.
Para seus críticos, Capote é a personificação perfeita de tudo o que eles desprezam — tanto que ele consegue parodiar a si mesmo melhor do que eles jamais poderiam, transformando seu desdém em uma arma. Para seus amigos (e amantes), ele é um sonho de infância — parte mentor sábio, parte confidente íntimo. Esses são papéis, reflexos, mas não mentiras. Sob a ficção está a verdade. Por trás da máscara, outra máscara.
Poucos já viram o verdadeiro Truman Capote: o artista constantemente se medindo e medindo seu trabalho. Ao discutir sua carreira, ele se dissecava com a precisão de um santo, analisando friamente seu progresso em direção ao seu objetivo final.
“Não tem nada a ver com ego. Sinceramente, não tenho muito. Mas sinto uma profunda responsabilidade pela minha escrita. Devo a Deus, se quiser, alcançar o que sei que sou capaz. Não posso parar aqui — há outro nível, um estado de graça, e preciso alcançá-lo.”
Aos cinquenta e cinco anos, Capote é uma figura frágil, mal pesando quarenta e dois quilos, mas usa um chapéu de palha extravagante (“Gosta do meu chapéu?”, ele pergunta ao entrar na sala). O chapéu exagera seu rosto magro, fazendo-o parecer quase fantasmagórico. Mas seus olhos queimam com intensidade — os olhos de um homem que lutou contra demônios e ainda luta. Como para sacudi-los, ele se move inquieto, sentando-se em uma cadeira apenas para se remexer, sua pele solta tremendo, suas mãos batendo como asas de um pássaro. Ele parece pronto para decolar a qualquer momento.
No início, sua voz parece tão leve quanto ele — um murmúrio fraco e lamuriento. Mas quando fala de si mesmo, de sua reputação, ela se torna cortante e clara. Ele se inclina, bate na mesa, exigindo ser entendido.
“Me considero um artista. Tenho cinquenta e cinco anos e escrevo profissionalmente há quase quarenta. É muito tempo. A maioria das pessoas famosas — especialmente artistas — tem carreiras curtas. Escritores podem durar, mas poucos o fazem. Porque é brutal. É uma aposta constante. Se você é realmente bom, sua consciência não o deixa descansar. Você se esforça, sofre, bebe, usa drogas — qualquer coisa para escapar da tensão insuportável. Você está apostando com sua **vida**.” Sua voz soa como um sino. “Não é sobre reputação — é sua vida, seus anos escapando. Estou desperdiçando-os? Desperdicei tudo?”
Ele se inclina para frente, olhos ardendo, punho batendo na mesa para ênfase.
“Tenho um dom, e devo ao mundo — e a mim mesmo — usá-lo da melhor maneira possível. É isso que faz a carreira de um artista: aguentar, não importa o quê.”
Como Proust, que chocou Paris ao expor sua elite em **Em Busca do Tempo Perdido**?
“A carreira de Proust foi monumental, mas curta. Quando começou, ele não era famoso. Quando foi atacado, ele…” Truman Capote só foi criticado por um pequeno círculo de pessoas que o conheciam pessoalmente. Mas a diferença é que, quando comecei a publicar, eu já era um escritor famoso — uma pessoa famosa, ponto. A reação contra mim foi enorme! Você pensaria que eu havia sequestrado e assassinado o bebê de Lindbergh, não Hauptmann!
Capote está em seu elemento agora, totalmente no controle de sua história.
E eles não pararam por aí. Reviraram cada canto da minha vida pessoal. Sim, lutei contra o alcoolismo — mas transformaram isso em um escândalo global. Eu sobrevivi. Eu superei. Foi uma luta brutal, e ninguém me ajudou. Depois de dedicar tanto da minha vida ao meu trabalho, pareceu uma recompensa miserável. Mas é assim que funciona — eles te elevam só para te derrubar. De novo e de novo.
**Por que as pessoas se voltam contra ele?**
É a natureza humana, suponho. Acontece com qualquer um que tenha uma carreira longa o suficiente. Acredite, em algum momento, eles **vão** se voltar contra você. Já aconteceu comigo mais de uma vez. Quando **Outras Vozes, Outros Aposentos** foi lançado, tornei-me instantaneamente notório. Tentaram destruir o livro — e a mim — atacando meu caráter.
**(Sobreposto: a imagem do jovem ardente, desafiador em sua chaise longue…)**
Aquela fotografia? Apenas outra desculpa para me atacar. Queriam quebrar meu ânimo, me punir por ousar ser quem eu era.
**Eles secretamente querem que ele permaneça o mesmo?**
No fundo, sim. Mas não me importo mais com seus ataques. Poderiam me acusar de assassinato em massa e eu não piscaria.
**Ele acha que as pessoas—**
**(Sua voz se torna afiada, como um professor batendo uma régua.)**
Se você recuar quando atacado, eles vão sentir o medo e ir para o jugular. Eu sabia disso, então nunca recuei. Por que deveria? **Eu** estava certo. **Eles** estavam errados — estúpidos, até. Você não pode mostrar fraqueza. Continue, mesmo se estiver errado. Caso contrário, eles vão se agrupar como tubarões farejando sangue.
Em um mundo de predadores, é comer ou ser comido. E os artistas enfrentam um perigo extra: consumir a si mesmos.
A tensão sob a qual vivo é inacreditável. A maioria das pessoas não percebe. Absorvo quinze vezes mais impressões por minuto do que a pessoa média. Só isso já é exaustivo.
Truman absorve o mundo como telegramas — segredos que ninguém mais nota. O movimento fluido de um lagarto, seu brilho estranho sob a água. O balanço hipnótico de uma cobra, travando o olhar até que a fuga seja impossível.
**Por que tantos artistas bebem ou usam drogas?**
Entendo perfeitamente — já estive lá. Parei porque, se não o fizesse, teria me matado.
**Ele sente que está correndo contra o tempo?**
Sim, mas não como Proust, que estava morrendo. Preciso realizar algo em breve — algo que me permita relaxar, confiar em meu dom e alcançar seu potencial total. Dentro de um ano, preciso ter um avanço nesta nova fase do meu trabalho. Caso contrário, não terei confiança para ir adiante.
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Ele escreve por horas a fio agora, em um cômodo que reservou apenas para esse propósito. As paredes são brancas, vazias exceto por algumas fotos coladas. Uma vista do rio se estende à sua frente enquanto ele fica em pé em sua escrivaninha, escrevendo.
“Nos últimos anos, não fiz nada além de trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Passo dez, onze horas por dia escrevendo — algo que nunca fiz antes na vida. E sei que vai continuar assim. Queria poder respirar, fazer uma pausa, ver um fim para isso…”
Ele diz que quase não sai mais — exceto para a academia, onde nada por uma hora todos os dias. “Odeio; me entedia até a morte. E nem quero comer — tenho um caso leve de anorexia, não sei por quê. Mas me forço porque preciso me manter em forma.”
Sempre houve essa sensação, especialmente em público, de que ele está presente, mas não realmente ali. Recentemente, ele teve que sair de um show da Broadway porque não conseguia se concentrar. E passou a temer almoços e jantares — eles o deixam nervoso além da conta.
“Sempre senti, desde os dezessete anos, como se estivesse vivendo dentro de uma lâmpada elétrica. Como se tudo fosse uma peça. As pessoas entram, assumem seus papéis, saem, voltam, se sentam — mas é só uma performance infinita com uma plateia enorme assistindo.”
Alguém me perguntou um ano atrás: ‘Por que você é famoso?’ Eu disse: ‘Sou famoso por ser famoso.’ É assim que as pessoas são destruídas. Sempre fui famoso por ser famoso, mas estava ciente disso, então não me envenenou. É um veneno sutil, e a maioria nem percebe quando começa a agir.”
Quando o perigo surge, Capote faz a única coisa que sabe: escreve. Não importa quão cruel seja o ataque, seu trabalho permanece — indestrutível. Escrever é sua magia mais poderosa, seu antídoto para o veneno. Com ela, ele pode domar a fera e proteger o cerne de quem ele é.
É assim que Truman Capote sobreviveu — através de drogas, álcool, doença, traição. Sua escrita é seu sangue vital. Como ele admite, sua sobrevivência é um milagre. Ainda assim, não foi surpresa ver seu rosto travesso sorrindo das páginas da **Interview** no ano passado, ao lado da pergunta: “Truman é humano?” (Até a **Interview** não ousou responder.) Também não foi um choque quando a **Esquire**, que um dia documentou sua queda com trechos de **Oração Respondida**, publicou um novo texto este mês chamado “Brilho”. Um retorno milagroso — mas, então, Truman nunca realmente partiu. Ele é um lutador, implacável quando precisa ser. Talvez seja isso que o salva.
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A versão reescrita mantém o significado original enquanto torna a linguagem mais fluida e natural. Avise se quiser algum refinamento adicional!