“Flores Verdes e Árvores de Ervas,” de Bunny Mellon, apareceu pela primeira vez na edição de dezembro de 1965 da Vogue.

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Um jardim não deve ser excessivamente explicado. Sua verdadeira essência não está na realidade, mas em seu estado perpétuo de devir — uma mistura de passado e futuro. Como uma biblioteca, um jardim é uma coleção de maravilhas e mistérios distintos, entre eles flores verdes e ervas moldadas em miniatura de árvores.

Flores verdes são mágicas, quase bruxas, lançando a ilusão da luz do sol refletida, como o brilho em uma pintura de Bonnard. Seus tons variam do esmeralda ao verde pálido da lua sobre pétalas brancas. Quando misturadas a flores mais convencionais, elas conferem um ar de vitalidade e mistério.

Algumas flores são naturalmente verdes: a delicada orquídea Ixia viridiflora, a Platyclinis filiformis, o Cymbidium miretta ‘Glendessary’ (ancestral de todas as orquídeas verdes) e a rendada Alchemilla major (alquimila), amada na Inglaterra mas subestimada aqui. Outras nos surpreendem — como as zínias verdes, que um dia apareceram inesperadamente entre suas irmãs de cores vivas. Um jardineiro atento cultiva esses acidentes, protegendo e isolando as sementes. A tulipa ‘Artist’, a nicotiana ‘Lime’, lírios como ‘Green Dragon’ e a variedade Green Magic, além das aurículas verdes (cobiçadas no século XVIII), surgiram desses experimentos.

Com a ajuda de nosso jardineiro, Charles Pecora, e de uma estufa, desfrutamos de flores verdes o ano todo. Nunca as usamos exclusivamente em buquês ou canteiros — elas realçam outras cores, aprofundando e iluminando-as com um brilho discreto. Seu mistério é como o amor verdadeiro, que tenta se esconder, mas é traído pela própria alegria.

Jardinar exige previsão — planejar com pelo menos dezoito meses de antecedência. É um ato de criação, cuidado e esperança. Anos atrás, comecei a moldar alecrim, tomilho, murta e santolina em pequenas árvores formais, semelhantes a loureiros, com altura entre dez centímetros e um metro. Na época, eram únicas nos EUA, embora eu tivesse lido sobre formas parecidas em livros antigos de jardinagem.

As flores verdes mostradas aqui — zínia ‘Envy’, nicotiana ‘Lime’ e Alchemilla major — foram colhidas nos jardins de Paul e Bunny Mellon em Upperville, Virgínia. A Sra. Mellon, autora deste artigo, é uma das maiores jardineiras dos EUA, moldando discretamente algumas das paisagens mais encantadoras do país.

Essas árvores de ervas, que evocam a simplicidade dos jardins medievais de mosteiros, começaram como um experimento para criar algo em nossa cultura semelhante ao bonsai japonês — plantas vivas com a presença de objetos esculpidos. Cada uma leva cerca de dois anos para ser moldada, e, com o tempo, cultivamos uma pequena floresta. As mudas originais de murta vieram de Mount Vernon, onde o jardineiro-chefe Robert B. Fisher mantém a tradição de George Washington de compartilhar plantas. À medida que as árvores amadurecem, eu as presenteo aos amigos. Uma única folha esmagada de alecrim, tomilho ou santolina pode perfumar um cômodo com o aroma de um jardim campestre. Amigos que cozinham mantêm suas árvores na cozinha, onde podar os galhos tempera o ensopado.

A delicada zínia verde, ‘Envy’.

Mesmo após muitos anos, essas árvores continuam sendo uma maravilha e uma alegria. Cada uma começa de maneira improvável — apenas um frágil fio de planta amarrado a uma estaca de bambu fina. Observá-las crescer exige tudo o que um jardineiro tem para dar — paciência, fé, resiliência e a capacidade de enfrentar sucessos e decepções, como um marinheiro no mar.